As forças da insurgência síria recuaram parcialmente no bairro de Salahadin, onde tem se concentrado a batalha pelo controle de Aleppo, a maior cidade do país. Rebeldes dizem que foram forçados a recuar devido aos bombardeios intensos, que reduziram edifícios a destroços.
Jornalistas da agência de notícias Reuters visitaram o centro do distrito, próximo à mesquita de Salahadin, e encontraram o lugar abandonado. Moradores se esquivavam para buscar seus pertences, escondendo-se dos franco-atiradores nos telhados.
Relatos dão conta de que as ruas estão cobertas por estilhaços e escombros, com carros esmagados pela queda de destroços. Pairam os odores do lixo não coletado e dos cadáveres acumulados.
Um rebelde que não quis se identificar afirmou que cerca de 250 pessoas foram mortas em Salahadin nos últimos três dias, a maior parte delas devido aos ataques aéreos das forças do regime.
Apesar da violência da repressão do regime sírio, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha diz ter entregue ontem alimentos e suprimentos médicos a Aleppo. Foi o primeiro comboio a entrar na cidade nas últimas semanas.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, com base em Londres, estima que mais de 70 pessoas tenham sido mortas na Síria, ontem.
Novo primeiro-ministro
O ditador sírio, Bashar Assad, nomeou ontem como primeiro-ministro do país o atual titular de Saúde, Wael al Halqi. O primeiro-ministro designado nasceu em 1964 em Deraa e se formou em Medicina na Universidade de Damasco em 1987.
Após dirigir os serviços de Saúde na cidade síria de Jassim (em Deraa) entre 1997 e 2004, Al Halqi foi secretário-geral do partido governamental Baath em sua província natal durante os quatro anos seguintes.
Casado e com quatro filhos, foi chefe do Sindicato de Médicos em 2010 e posteriormente ocupou a pasta de Saúde no governo sírio, motivo pelo qual os Estados Unidos o incluíram recentemente na lista de altos cargos do regime sujeitos a sanções.
Deserção
Assad destituiu na segunda-feira passada seu antecessor, Riad Hiyab, que desertou do regime e se refugiou na Jordânia, e pôs em seu lugar o vice-primeiro-ministro Omar Galauanyi de maneira provisória.
A nomeação de Al Halqi acontece no dia seguinte que a Jordânia confirmou que Hiyab, que permaneceu menos de um mês e meio como primeiro-ministro, havia chegado ao território jordaniano fugindo do regime.
A deserção de Riad Hiyab é considerada como a de maior nível na Síria desde o início do levante contra o regime de Assad, em março de 2011.
O número de refugiados do país na Turquia chegou a 50 mil, segundo o Centro Turco de Gestão de Situações de Crises (AFAD).