Sírio lamenta a morte de combatente rebelde cidade de Marea, 35 km ao norte de Aleppo| Foto: Phil Moore/AFP

Eixo de resistência

EUA consideram "nefasta" a mediação do governo iraniano

A embaixadora dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas (ONU), Susan Rice, considerou "nefasta" a participação do Irã na mediação do conflito na Síria. Ontem, Teerã convocou uma reunião para debater sobre soluções aos confrontos violentos no país, que completaram 17 meses.

"Não temos dúvidas de que o Irã tem um papel nefasto, não só na Síria, mas em toda a região, através de seu apoio ativo ao regime de [ditador sírio, Bashar] Assad", disse a representante, em entrevista à rede de televisão americana NBC.

Para Rice, o movimento radical libanês Hizbollah e o regime sírio formam um "eixo de resistência" com o país persa, que considera "ruim não só para o Irã, mas também para a região e os nossos interesses".

A diplomata diz que a situação é "claramente favorável" à oposição síria e as pressões econômicas, aliadas à deserção de membros do regime, aumentam o isolamento político de Assad.

"Os Estados Unidos continuarão a reforçar a oposição síria, ajudando-a politicamente e entregando meios de comunicação e ajuda humanitária. Vamos continuar pressionando o regime de Assad até que caia".

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As forças da insurgência síria recuaram parcialmente no bairro de Salahadin, onde tem se concentrado a batalha pelo controle de Aleppo, a maior cidade do país. Rebeldes dizem que foram forçados a recuar devido aos bombardeios intensos, que reduziram edifícios a destroços.

Jornalistas da agência de notícias Reuters visitaram o centro do distrito, próximo à mesquita de Salahadin, e encontraram o lugar abandonado. Moradores se esquivavam para buscar seus pertences, escondendo-se dos franco-atiradores nos telhados.

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Relatos dão conta de que as ruas estão cobertas por estilhaços e escombros, com carros esmagados pela queda de destroços. Pairam os odores do lixo não coletado e dos cadáveres acumulados.

Um rebelde que não quis se identificar afirmou que cerca de 250 pessoas foram mortas em Salahadin nos últimos três dias, a maior parte delas devido aos ataques aéreos das forças do regime.

Apesar da violência da repressão do regime sírio, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha diz ter entregue ontem alimentos e suprimentos médicos a Aleppo. Foi o primeiro comboio a entrar na cidade nas últimas semanas.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, com base em Londres, estima que mais de 70 pessoas tenham sido mortas na Síria, ontem.

Novo primeiro-ministro

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O ditador sírio, Bashar Assad, nomeou ontem como primeiro-ministro do país o atual titular de Saúde, Wael al Halqi. O primeiro-­ministro designado nasceu­­ em 1964 em Deraa e se for­­mou em Medicina na Uni­­versidade de Damasco em 1987.

Após dirigir os serviços de Saúde na cidade síria de Jassim (em Deraa) entre 1997 e 2004, Al Halqi foi secretário-geral do partido governamental Baath em sua província natal durante os quatro anos seguintes.

Casado e com quatro filhos, foi chefe do Sindicato de Médicos em 2010 e posteriormente ocupou a pasta de Saúde no governo sírio, motivo pelo qual os Estados Unidos o incluíram recentemente na lista de altos cargos do regime sujeitos a sanções.

Deserção

Assad destituiu na segunda-feira passada seu antecessor, Riad Hiyab, que desertou do regime e se refugiou na Jordânia, e pôs em seu lugar o vice-primeiro-ministro Omar Galauanyi de maneira provisória.

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A nomeação de Al Halqi acontece no dia seguinte que a Jordânia confirmou que Hiyab, que permaneceu menos de um mês e meio como primeiro-ministro, havia chegado ao território jordaniano fugindo do regime.

A deserção de Riad Hiyab é considerada como a de maior nível na Síria desde o início do levante contra o regime de Assad, em março de 2011.

O número de refugiados do país na Turquia chegou a 50 mil, segundo o Centro Turco de Gestão de Situações de Crises (AFAD).