Tropas sírias e milícias leais ao presidente Bashar al-Assad mataram 16 pessoas em ataques na cidade de Homs nesta terça-feira, disseram moradores, intensificando a repressão contra a cidade que é o ponto focal de protestos pró-democracia.
Entre os mortos estavam dez pessoas que participavam do funeral de outros dez mortos na segunda-feira pelas forças de segurança, disse o Comitê de Coordenações Locais, um grupo de ativistas.
"Não pudemos sepultar os mártires no cemitério principal da cidade, então optamos por um cemitério menor, perto da mesquita, onde os milicianos começaram a atirar contra nós de seus carros", disse à Reuters por telefone uma das pessoas presentes ao funeral, que se identificou como Abdallah.
Segundo ele, os corpos tinham sido levados à mesquita Khaled Ibn al-Walid, no distrito oriental de Khalidiya, em Homs.
"Khalidiya está totalmente cercada pelos militares. Estamos isolados do resto de Homs, como se fôssemos um país separado."
Homs é um importante centro dos protestos contra o governo de Assad, e as tensões vêm crescendo entre os habitantes, de maioria sunita, e os membros da minoria alauíta, da qual Assad faz parte.
Khalidiya é habitada por membros de tribos sunitas da zona rural de Homs, enquanto o vizinho bairro de Nozha é o lugar de onde vem a maioria das forças de segurança e milicianos do país, da seita alauíta.
As 16 mortes informadas na terça-feira nos bairros de Khalidiya e Bab Amr elevaram o total de mortos desde o fim de semana para pelo menos 33, disseram ativistas e residentes.
"Esquadrões da morte"
Outro residente disse: "Há tropas e veículos blindados em todos os bairros. As forças irregulares que as acompanham são esquadrões da morte. Elas vêm disparando indiscriminadamente desde o amanhecer, com fuzis e metralhadoras. Ninguém pode sair de casa."
As autoridades sírias expulsaram a maioria dos jornalistas estrangeiros, dificultando a verificação independente dos relatos feitos por testemunhas ou das declarações oficiais.
Tropas e tanques entraram em Homs, situada 165 quilômetros ao norte de Damasco, primeiramente dois meses atrás e ocuparam a praça principal da cidade, depois de grandes protestos reivindicando liberdades políticas.
Homs, a cidade natal da esposa sunita de Assad, Asma, vem recebendo um grande fluxo de alauítas nos últimos 20 anos, à medida que foram aumentando os empregos públicos e a segurança na cidade.
A Organização Nacional Síria de Direitos Humanos disse que sete pessoas foram mortas no fim de semana em ataques de forças de segurança. O Observatório Sírio de Direitos Humanos disse que os corpos de 30 pessoas foram encontrados em Homs no fim de semana e que alguns deles tinham sido mutilados.
"Depois de não ter conseguido desencadear uma guerra civil sectária, o regime está ampliando suas operações militares para sufocar os protestos de massa em Homs", disse à Reuters o diretor do Observatório, Rami Abdel Rahman.
As autoridades sírias atribuem a violência a "grupos terroristas armados" com vínculos islâmicos e dizem que pelo menos 500 policiais e soldados foram mortos desde março.
Organizações de direitos humanos dizem que tropas, forças de segurança e milicianos já mataram pelo menos 1.400 civis na Síria, acrescentando que mais de 12 mil sírios e membros das forças de segurança que se recusaram a disparar contra civis foram mortos a tiros.
Julgamento do Marco Civil da Internet e PL da IA colocam inovação em tecnologia em risco
Militares acusados de suposto golpe se movem no STF para tentar escapar de Moraes e da PF
Uma inelegibilidade bastante desproporcional
Quando a nostalgia vence a lacração: a volta do “pele-vermelha” à liga do futebol americano