Forças sírias mataram três pessoas na cidade de Homs nesta segunda-feira, quando uma multidão dava as boas-vindas a uma equipe humanitária da ONU, segundo ativistas. Eles disseram que outras duas foram mortas na cidade de Masyaf.
A ONG Observatório Sírio de Direitos Humanos afirmou que forças de segurança e homens armados, leais ao governo e conhecidos como "shabiha", abriram fogo contra centenas de pessoas que tinham saído às ruas para dar as boas-vindas à equipe da ONU, que obteve autorização para avaliar a situação humanitária no país, após cinco meses de protestos e repressão.
Imagens de vídeo transmitidas pela TV árabe Al Jazira mostraram uma multidão ao redor de um carro, gritando "o povo quer derrubar o regime" e com cartazes com as inscrições "SOS" e "não vamos sair nunca enquanto não obtivermos nossa liberdade".
As cenas parecem ter sido filmadas antes dos disparos e não ficou claro de imediato se a equipe da ONU testemunhou o ataque.
Pela manhã, horas depois de Assad rejeitar os apelos ocidentais por sua renúncia e alertar que qualquer ação militar contra o seu país sairá pela culatra, o Observatório disse que pistoleiros simpáticos ao governo fizeram disparos em Masyaf (centro do país) quando celebravam declarações de Assad pela TV.
Duas pessoas morreram e quatro ficaram feridas. Eles também atacaram lojas pertencentes a opositores do regime, segundo o Observatório.
Ele afirmou que a segurança se complicou mais pela ação dos militantes nas últimas semanas", mas que o governo "é capaz de lidar com isso". "Não estou preocupado", acrescentou.
O presidente também manteve a promessa de eleições parlamentares em fevereiro, depois de uma série de reformas que permitiriam a participação de outros partidos além do seu, o Baath.
A oposição manifesta ceticismo com as promessas de reformas políticas, e muitos adversários do governo rejeitam a convocação de Assad para um diálogo nacional, alegando que não pode haver discussões enquanto as forças de segurança estiverem matando manifestantes.
Buscando se unificar, dirigentes oposicionistas se reuniram na Turquia para criar um amplo conselho que os represente. "As discussões estão mais focadas em trocar as quotas por um conselho mais baseado no mérito", disse o participante Wael Merza à Reuters. "Esperamos chegar a um consenso quanto à lista de nomes até o final desta semana."
O governo sírio atribui a violência a grupos armados, e diz que mais de 500 soldados e policiais já foram mortos desde o início dos distúrbios, em março.
Balanço da ONU
Mais de 2.200 pessoas foram mortas desde março na repressão aos protestos antigovernamentais na Síria, disse nesta segunda-feira a alta comissária da ONU para Direitos Humanos, Navi Pillay.
A estimativa anterior da ONU era de um total entre 1.900 e 2.000 mortos.
"Até hoje, mais de 2.200 pessoas foram mortas desde o início dos protestos em massa, em meados de março. Há relatos de mais de 350 pessoas mortas desde o início do Ramadã", declarou Pillay ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, que faz uma sessão urgente sobre a Síria.
O Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos, começou em 1.º de agosto.
"As forças militares e de segurança continuam a empregar força excessiva, incluindo artilharia pesada, para suprimir manifestações pacíficas e retomar o controle sobre os moradores de várias cidades", afirmou.
Assad disse no discurso que a Síria não cederá à pressão externa, a qual, segundo ele, afetaria apenas "um presidente fabricado nos Estados Unidos e uma gente subserviente que recebe ordens de fora".
"Quanto à ameaça de ação militar ... qualquer ação contra a Síria terá maiores consequências (para quem as realizar), maiores do que eles podem tolerar", disse Assad em entrevista transmitida no domingo pela TV síria.
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