Comandantes do Exército sírio ordenaram aos soldados que interrompessem os protestos contra o presidente Bashar al-Assad "por todos os meios necessários", frequentemente dando instruções explícitas para que disparem contra manifestantes, disse a entidade Human Rights Watch nesta quinta-feira (15). Em um relatório baseado em dezenas de entrevistas com desertores do Exército e da inteligência síria, o grupo citou um soldado das forças especiais que disse que sua brigada recebeu a ordem de "usar quantas balas quisesse" contra os manifestantes na província de Deraa, no sul do país, em abril. Um dos franco-atiradores na cidade de Homs disse que seus comandantes ordenaram que uma porcentagem específica de manifestantes deveria morrer. "Para 5.000 manifestantes, por exemplo, o objetivo seria 15 a 20 pessoas", disse ele ao Human Rigths Watch (HRW). A Organização das Nações Unidas afirma que 5.000 pessoas foram mortas na repressão de Assad contra os protestos que começaram em março, inspirados por levantes que derrubaram três líderes árabes. Assad negou na semana passada que tenham sido dadas ordens "para matar ou recorrer à brutalidade". O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Síria disse que as forças de segurança estavam claramente instruídas a não usar munição de verdade. Mas segundo o HRW, todos os desertores ouvidos disseram que seus comandantes ordenaram que eles parassem os protestos "por todos os meios necessários" - uma frase que entenderam como autorizando o uso de força letal. Cerca de metade dos desertores disse que as autoridades também deram ordens diretas para dispararem contra manifestantes ou observadores, e garantiram a eles que não seriam responsabilizados por isso. "Nossa ordem geral era de matar, destruir lojas e carros nas ruas e prender pessoas", disse um soldado citado pela HRW, que desertou de uma Divisão do Exército sírio. Além de ordenar o uso de força letal contra os manifestantes, os comandantes militares e autoridades da área de inteligência também deram ordens para "prender, espancar e torturar" prisioneiros, disse o HRW. "As declarações dos desertores não deixam dúvida de que as forças de segurança sírias cometeram abusos sistemáticos e disseminados, inclusive assassinatos, detenções arbitrárias e tortura, como parte de uma política estatal para alvejar a população civil. Esses abusos constituem crimes contra a humanidade", disse o HRW, pedindo que o Conselho de Segurança das Nações Unidas encaminhe a Síria ao Tribunal Penal Internacional.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura