Ativistas da Coalizão pela Liberdade da Nicarágua se manifestam em frente à sede da OEA em Washington, 15 de junho| Foto: EFE/ Lenin Nolly
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O Foro de São Paulo emitiu nesta quarta-feira (16) um comunicado em que rechaça a resolução da Organização dos Estados Americanos (OEA) que condena a ditadura de Daniel Ortega na Nicarágua, acusada de prisão arbitrária de opositores políticos.

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"Esta falsa alegação não encontra respaldo no sistema legal nicaraguense, pois as pessoas envolvidas são investigadas por crimes contra a pátria, com base em uma lei de outubro de 2020 aprovada por um poder legislativo legitimamente eleito, que busca defender a soberania do país contra os avanços de forças extremas e imperialistas", diz o comunicado do grupo que reúne líderes de esquerda do continente. O texto pede ainda que a OEA respeite os processos internos de cada país, "sem imposição de regras alheias a ele".

O Conselho Permanente da OEA abordou a situação da Nicarágua em sessão especial na terça-feira. Com 26 votos a favor (incluindo o da Venezuela, que é representada por delegados do líder opositor Juan Guaidó), três contra (da Nicarágua, São Vicente e Granadinas e Bolívia) e cinco abstenções (de Honduras, México, Argentina, Belize e Dominica), o órgão aprovou a resolução "A Situação na Nicarágua", que, entre outros pontos, "condena inequivocamente a prisão, o assédio e as restrições arbitrárias impostas aos candidatos presidenciais, partidos políticos e meios de comunicação independentes". O documento também pede a libertação imediata de todos os presos políticos no país centro-americano.

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A ditadura de Ortega tem aumentado as investidas contra líderes da oposição, a imprensa independente e organizações civis antes da próxima eleição presidencial, que deve ocorrer em novembro. Em uma aparente tentativa de eliminar rivais que possam atrapalhar a conquista de Ortega de mais um mandato, o regime prendeu uma série de líderes opositores, incluindo quatro pré-candidatos à presidência, em menos de duas semanas. Eles são acusados de "traição à pátria", "incitar a interferência estrangeira", entre outros.

Nesta quarta-feira, as esposas de Félix Maradiaga e Juan Sebastián Chamorro, ambos pré-candidatos presidenciais que foram presos, exigiram provas de vida dos dois detidos e alertaram a comunidade internacional que seus maridos foram vítimas de um "sequestro" por parte do regime. Elas disseram que não conhecem o paradeiro e o estado de saúde dos dois políticos desde que eles foram presos há uma semana.

As detenções levaram os Estados Unidos e outros países a impor novas sanções contra o regime.

Além disso, a Assembleia Nacional, de maioria aliada a Ortega, elegeu em maio um novo Conselho Supremo Eleitoral, com sete sandinistas e outros três simpatizantes do regime. Também foram aprovadas reformas eleitorais que dificultam a participação da oposição e a observação internacional no processo eleitoral.

Daniel Ortega domina a política nicaraguense há mais de quatro décadas. Ele coordenou a Junta de Governo de Reconstrução Nacional entre 1979-1985 e governou o país entre 1985 e 1990. Ortega está atualmente no poder desde 2007.

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