Os aliados do presidente da França, Nicolas Sarkozy, elegeram uma grande maioria nas eleições parlamentares deste domingo, mas não chegaram a ter a vitória esmagadora que se previa. Aparentemente, a proposta de aumentar o imposto sobre vendas lhes custou muitos votos.

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O primeiro-ministro francês, François Fillon, disse que a vitória da centro-direita na eleição parlamentar do domingo permitirá que o presidente Nicolas Sarkozy consiga a aprovação de seu programa de reformas.

"A sua participação resultou em uma escolha clara e coerente, que permitirá que o presidente da República implemente o seu projeto", disse Fillon em uma declaração transmitida por uma TV francesa.

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No fim da votação, os principais institutos de pesquisa projetaram que os aliados de centro-direita de Sarkozy terão entre 341 e 350 cadeiras na Assembléia Nacional, bem abaixo de algumas estimativas pré-votação, que falavam na eleição de até 470 deputados.

Os institutos também projetaram que os socialistas terão entre 202 e 210 cadeiras no total de 577 legisladores.

Os resultados surpreenderam e foram um revés relativo para o presidente, que havia pedido que os eleitores lhe dessem uma vitória decisiva para sustentar o seu programa de amplas reformas fiscais e trabalhistas.

A União por um Movimento Popular (UMP), de Sarkozy, e partidos aliados tinham 359 cadeiras na legislatura que terminou.

Os socialistas e associados, que tinham 149 deputados no parlamento anterior, aparentemente foram beneficiados por uma disputa quanto aos planos do governo de aumentar o imposto sobre valor agregado.

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"A onda azul que tinha sido anunciada... não aconteceu", disse o líder socialista François Hollande, que está sendo pressionado desde a vitória presidencial de Sarkozy, em maio.

"Na nova assembléia haverá diversidade e pluralismo. Isso é bom para o país", afirmou Hollande.

O segundo turno deste domingo confirmou a implosão do centro independente, que, segundo projeções, deve eleger apenas 2 deputados. Os comunistas foram reduzidos para cerca de 12 cadeiras, contra as 21 da legislatura anterior, apesar de que os verdes devem aumentar para quatro o número de representantes.

A Frente Nacional, de extrema direita, não deve eleger nenhum deputado, segundo as projeções.

Sarkozy, que procurou não aparecer demais durante a campanha, deve completar a sua equipe de governo rapidamente depois do segundo turno, a quarta votação ocorrida na França em dois meses. O cansaço dos eleitores explica a alta abstenção, de cerca de 40 por cento.

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Sarkozy pode nomear cerca de seis ministros juniores esta semana, inclusive representantes de minorias éticas, políticos que não são da UMP e manter a paridade ministerial entre os sexos.

GAFE DO IMPOSTO

As primeiras semanas de Sarkozy na presidência foram marcadas por uma explosão de atividades, o anúncio de uma série de reformas internas e a presença em eventos de destaque no exterior, como a participação dele na cúpula do G8, na Alemanha.

O premiê François Fillon já detalhou um punhado de medidas a serem apresentadas em uma sessão especial do novo parlamento, que deve ser empossado em 26 de junho.

Fillon foi reeleito no primeiro turno das eleições, no domingo passado, enquanto que o número dois da França Alain Juppe anunciou que deixará o governo, depois de não conseguir se reeleger.

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Essas medidas incluem isenções fiscais para o pagamento de juros de hipoteca e horas extras, com a imposição de um teto de 50 por cento sobre a taxação pessoal, o aperto nas leis de imigração e sentenças mais duras para reincidentes.

Mas foi a proposta atrapalhada do governo de estudar o aumento do imposto sobre valor agregado em 5 pontos percentuais, como forma de reduzir a contribuição dos empregadores para a segurança social, que aparentemente fez com que os conservadores não tivessem uma maioria mais expressiva.

A esquerda se concentrou na questão, afirmando que se trata de um imposto injusto que vai sufocar a demanda do consumidor e desacelerar a economia. Sarkozy foi obrigado a intervir e minimizar a conversa sobre o aumento.