Dacar, Senegal - O Fórum Social Mundial adotou a rebelião contra a ditadura do presidente Hosni Mubarak no Egito como exemplo a ser seguido por movimentos de esquerda em todo o mundo.
O levante foi exaltado por ativistas, intelectuais e políticos. Na opinião destes especialistas, o Egito mostra como usar a comunicação instantânea e a internet para mobilizar massas e desestabilizar regimes autoritários.
"O desafio da próxima década é criar protestos simultâneos em vários países", disse ontem o sociólogo português Boaventura Sousa Santos, uma das estrelas do encontro. "Não queremos Cairos globais, mas sim muitos Cairos ao mesmo tempo", afirmou Santos.
A declaração lembra o antigo e conhecido mote de Che Guevara nos anos 60: "Criar um, dois, três, muitos Vietnãs". Outro tema debatido no fórum é a divulgação de telegramas através da organização Wikileaks, de Julian Assange. Ativistas acusam o grupo de "privilegiar" a grande imprensa internacional. A Folha de São Paulo é um dos seis veículos em todo o mundo que têm acesso prévio aos documentos.
Precariedade
Em sua segunda edição na África, o encontro de movimentos antiglobalização enfrenta problemas com a desorganização e a estrutura precária do Senegal, país sede do evento. Debates foram cancelados por sobreposição de horários ou pela falta de auditórios.
Uma das vítimas dos cancelamentos foi o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), chefe da delegação brasileira no evento. Um evento em que ele falaria foi "desalojado" sem aviso prévio ou notificação preliminar.
O petista estudou antecipar a volta ao país, mas foi convencido a ficar por militantes do PT, que improvisaram uma roda de cadeiras para ouvi-lo.