As negociações entre o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), as autoridades sírias e a oposição sobre a evacuação de feridos em Baba Amr, na cidade de Homs, estavam emperradas neste sábado (25), disse à AFP um porta-voz da CICR em Damasco.
"As negociações da CICV e do Crescente Vermelho sírio (CVAS) com as autoridades sírias e os grupos de oposição em Homs não produziram resultados concretos neste sábado", afirmou Saleh Dabbakeh.
"Deste modo, lamentavelmente não haverá a evacuação de emergência neste sábado", disse Dabbakeh, acrescentando que a CICV e a CVAS "seguirão negociando com as autoridades e a oposição para tentar entrar em Baba Amr e realizar a operação de retirada dos feridos".
Na sexta-feira, CICR e CRAS conseguiram evacuar sete feridos e 20 mulheres e crianças doentes de Baba Amr - bombardeado há três semanas pelo Exército sírio - para o hospital de Amin, a dois quilômetros do bairro rebelde.
Contudo, não puderam resgatar a jornalista francesa Edith Bouvier nem o fotógrafo britânico Paul Conroy, feridos na quarta-feira durante o bombardeio de uma casa em Baba Amr transformada em centro de imprensa.
Também não puderam recuperar os cadáveres da jornalista americana Marie Colvin e do repórter francês Rémi Ochlik, mortos no mesmo ataque.
Neste sábado já havia 31 mortos por causa da repressão, entre eles 26 civis, no dia seguinte a uma nova jornada mortífera, com 57 mortes, sendo 41 civis.
Apesar dos pedidos pelo fim da violência, nesta madrugada o Exército sírio retomou os bombardeios sobre Baba Amr, pelo 22º dia consecutivo, assim como em outros bairros de Homs, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
No resto do país, as forças de segurança mataram seis pessoas em Azaz, próximo a Aleppo (norte), em enfrentamentos entre o Exército e desertores, em que também morreram cinco militares. Outros oito civis faleceram em dois povoados da província de Hama (centro). Uma mulher e três meninas figuram entre as vítimas, informou o OSDH.
Em Talbiseh, na província de Homs, três civis, um deles um adolescente de 14 anos, foram mortos em um controle das forças de segurança.
A policía abriu fogo contra os 4.000 participantes em um funeral por uma das vítimas mortas na sexta-feira em Aleppo, acrescentou a mesma a mesma fonte.
Reunidos na sexta-feira na Tunísia, os 60 ministros das Relações Exteriores do grupo de países chamados "Amigos da Síria", entre os quais não estavam presentes China, Rússia, nem o principal aliado de Damasco, Irã, pediram o fim imediato da violência e a novas sanções contra o regime sírio, mas se limitaram a "tomar nota" da proposta da Tunísia e do Qatar de mobilizar uma força árabe de manutenção da paz.
Eles reconheceram o principal grupo opositor, no Conselho Nacional Sírio (CNS) como "um legítimo representante dos sírios que busca uma transição democrática pacífica" e se comprometeram a dar um "apoio efetivo" à oposição.
A chefe da diplomacia americana, Hillary Clinton, se mostrou "totalmente satisfeita" com os resultados da conferência e a China comemorou neste sábado o fato de a reunião ter rejeitado "qualquer intervenção estrangeira".
Segundo a agência oficial China Nova (Xinhua), "a maioria dos países árabes começou a compreender que os Estados Unidos e a Europa dissimulam um punhal por trás do sorriso, em outras palavras, enquanto parecem atuar por motivos humanitários, em realidade têm ambições hegemônicas ocultas".
O jornal pró-governamental sírio As Saura, qualificou este sábado de "fracasso" a conferência da Tunísia "que representa uma nova decepção para o pequeno grupo de conspiradores que continuam suas tentativas (de desestabilização) na Síria".
Teerã reiterou neste sábado sua oposição a qualquer intervenção militar na Síria e voltou a negar que esteja enviando armas ao país vizinho, assim como afirmam os ocidentais.
Apesar da violência ininterrupta, o regime mantém para este domingo o referendo sobre uma nova Constituição, que deve por fim ao sistema político de partido único (o Baas), mas que mantém amplos poderes para o chefe do Estado. A oposição pediu o boicote da consulta.
As tropas sírias mataram pelo 41 civis neste sábado nos bombardeios do bairro Baba Amr de Homs e em Aleppo (norte), onde milhares de pessoas se manifestaram nas ruas, anunciou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
A violência causou mais de 7.600 mortes em 11 meses de revolta contra o regime, segundo o OSDH.
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula
Painéis solares no telhado: distribuidoras recusam conexão de 25% dos novos sistemas
Deixe sua opinião