Terminou sem acordo nesta terça-feira (19) a reunião em Moscou entre o Irã e seis potências mundiais que buscavam um acordo para encerrar o impasse envolvendo o programa nuclear da República Islâmica. Não foram marcadas novas discussões políticas. A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, afirmou que diferenças significativas permaneceram ao cabo dos dois dias de reuniões e que foi agendada apenas uma reunião técnica de seguimento para o dia 3 de julho em Istambul, na Turquia. O fracasso das negociações deve abalar os mercados financeiros, temerosos de uma nova guerra no Oriente Médio e de um aumento nos preços dos petróleo caso Israel cumpra suas ameaças de bombardear instalações nucleares iranianas. Governos ocidentais suspeitam que o Irã esteja desenvolvendo armas nucleares e querem restringir o programa iraniano de enriquecimento de urânio. Teerã insiste no caráter pacífico das suas atividades e pede a atenuação das sanções impostas nos últimos anos devido à sua recusa em abandonar o enriquecimento, além do reconhecimento do seu direito a enriquecer urânio. "Apresentamos nossas respectivas posições em intercâmbios detalhados, duros e francos", disse Ashton a jornalistas. "Começamos a abordar questões críticas. No entanto, continua claro que há divergências significativas entre a substância das duas posições." "A escolha é do Irã", acrescentou ela. "Esperamos que o Irã decida se está disposto a fazer a diplomacia funcionar para focar em medidas concretas de construção de confiança, e para tratar das preocupações da comunidade internacional.' O negociador-chefe do Irã, Saeed Jalili, disse em entrevista coletiva paralela que ainda espera a definição de uma data para novas discussões políticas após a reunião de Istambul, que tratará de aspectos técnicos não especificados. Ele disse que as discussões de Moscou foram mais sérias e realistas do que rodadas anteriores. "Avançar pelo caminho construtivo das negociações e da cooperação pode trazer o futuro sucesso do diálogo", afirmou. As seis potências -Estados Unidos, China, Rússia, França, Grã-Bretanha e Alemanha- levaram à reunião uma proposta pela qual o Irã deveria abandonar o enriquecimento de urânio, interditar a usina de enriquecimento de Fordow e enviar ao exterior os seus atuais estoques de urânio purificado, além de permitir inspeções mais intrusivas da ONU em suas atividades. Essa foi a terceira rodada de negociações desde a retomada do diálogo, em abril, após 15 meses de hiato.

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