França, Alemanha e Reino Unido advertiram o Irã neste sábado, afirmando terem chegado ao “limite” de sua “flexibilidade”, enquanto Teerã “continua a desenvolver seu programa nuclear além de qualquer justificativa civil”. Uma declaração conjunta dos porta-vozes dos ministros das Relações Exteriores dos três países europeus confirmou a “ausência de cooperação” do Irã com a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) enquanto sua “escalada nuclear” continua.
Na quinta-feira, o Irã condicionou as inspeções da Aiea em suas instalações nucleares à reativação do acordo internacional de 2015, conhecido como JCPOA por sua sigla em inglês. “Essas últimas exigências levantam sérias dúvidas sobre as intenções do Irã e sua determinação de alcançar um resultado favorável”, destacaram os porta-vozes. O JCPOA, assinado por Irã, Alemanha, França, Reino Unido, Rússia, China e Estados Unidos, limitou o programa nuclear iraniano em troca da suspensão das sanções que pesavam sobre a economia de Teerã. Em 2018, o então presidente dos EUA, Donald Trump, abandonou o pacto e nos últimos 16 meses o Irã vem negociando com países ocidentais para restabelecer o acordo, em uma longa série de discussões.
“O Irã deve cooperar plena e prontamente de boa fé com a Aiea”, reforçaram os três países europeus, que acrescentaram que, “levando em consideração a recusa iraniana em concluir o acordo proposto, consultaremos nossos parceiros internacionais sobre como responder à continuação do programa nuclear iraniano e à falta de cooperação com a Aiea”.
Produção iraniana de urânio enriquecido se aproxima do nível necessário para bomba atômica
Na quarta-feira, a Aiea havia informado que, em três meses, o Irã aumentou seu estoque de urânio enriquecido para 60%, uma pureza próxima ao nível necessário para fabricar bombas atômicas. Um relatório reservado, ao qual a reportagem teve acesso em Viena, especifica que a quantidade de urânio enriquecido pelo Irã para diferentes níveis (2%, 5%, 20% e 60%) aumentou entre maio e agosto em 131,6 quilos, para 3.940,9 quilos. Esses estoques incluem mais de 300 quilos de outras formas de urânio, como óxidos e placas de combustível nuclear.
O JCPOA estipula que o Irã não deve ter mais de 300 quilos de urânio enriquecido em forma gasosa, o equivalente a cerca de 200 quilos em forma sólida. O país não cumpre as obrigações decorrentes do acordo desde 2019, e justifica a produção de urânio enriquecido a 60% como material dedicado a fins médicos, mas a Aiea afirmou não estar em condições de garantir que o programa atômico do Irã seja exclusivamente pacífico.
Os inspetores também enfatizaram que a decisão do Irã de desligar dezenas de câmeras de monitoramento e verificação da Aiea prejudicará sua capacidade de fornecer garantias sobre a natureza pacífica do programa nuclear do país. Como resultado, as atividades de monitoramento e verificação são “seriamente afetadas”, disse a agência no relatório. Em vista do desligamento prolongado das câmeras, a Aiea também falou em “desafios consideráveis” para confirmar a consistência do estoque declarado de centrífugas – o equipamento usado para enriquecer urânio – no futuro. Os inspetores afirmaram que o Irã está conectando cada vez mais centrífugas de urânio modernas, que são muito mais rápidas e eficientes que as utilizadas até agora.
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