A ministra francesa para a Transição Energética, Agnès Pannier-Runacher, garantiu que a EDF, maior operadora de energia nuclear da Europa, deve reativar todos os reatores até o inverno para ajudar o país a amenizar os problemas causados pela dificuldade de fornecimento de energia, agravada pela Guerra na Ucrânia.
“Há um cronograma que prevê que, a partir de outubro, a cada semana, uma nova usina (nuclear) volte a operar”, disse Pannier-Runacher, segundo informação da agência Associated Press.
Atualmente, segundo a agência Reuters, 32 dos 56 reatores da EDF estão parados para manutenção ou por problemas técnicos.
A França tem 56 usinas nucleares que fornecem 70% de sua eletricidade. Segundo a Rádio França Internacional, em 2014, o governo queria reduzir a participação da energia nuclear na geração de eletricidade para 50% até 2025, mas essa meta foi adiada em 2019 para o ano de 2035.
Na última semana, a primeira-ministra da França, Elisabeth Borne, havia alertado que, no pior cenário, os problemas de energia durante o inverno poderiam levar a cortes de energia de até duas horas nas casas francesas.
A ministra Pannier-Runacher garantiu que os estoques de armazenamento de gás franceses estão atualmente 92% cheios. Segundo ela, apesar de as entregas de gás russas estarem atualmente no ponto mais baixo, elas não pararam completamente.
Problema de energia e guerra da Ucrânia
Há uma preocupação com o fornecimento de energia para os países da União Europeia, principalmente devido à dependência do gás russo.
Na sexta-feira (2), a empresa estatal russa Gazprom anunciou a suspensão total do fluxo de gás através do gasoduto Nord Stream por tempo indeterminado, devido a um vazamento de óleo identificado durante a manutenção da única estação compressora ainda em funcionamento.
Ao longo dos últimos meses, o fornecimento do gás da Rússia já estava diminuído, em resposta às sanções do Ocidente devido à invasão da Ucrânia. Isso leva, inclusive, os planos verdes europeus a ficarem para trás e até usinas de carvão que tinham sido desativadas voltarem a funcionar, como mostrou reportagem da Gazeta do Povo.
Rússia se defende de críticas e acusa Ocidente
Neste domingo (4), a Rússia se defendeu das críticas da União Europeia (UE) pelo corte do fornecimento de gás através do gasoduto Nord Stream, ao afirmar que a medida tem na origem as sanções e ações ocidentais.
Em entrevista à emissora estatal de televisão Rossía-1, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, e o vice-primeiro-ministro Alexander Novak, encarregado de questões energéticas, garantiram que a suspensão indefinida da emissão de gás pelo Nord Stream não é culpa da companhia Gazprom.
"A Gazprom ganhou sua reputação como garantidor confiável da segurança energética e como fornecedor confiável durante muitas décadas. Estamos convencidos de que a Gazprom não deu um só passo que manche essa reputação", disse Peskov.
Lembrando que, na última sexta-feira (2), o consórcio russo anunciou a suspensão completa do fluxo de gás para a Europa através da Alemanha, devido a uma fuga de óleo encontrada em uma turbina da única estação compressora ainda em funcionamento, o que a UE classificou como "falácia".
"Se os europeus tomam uma decisão absolutamente absurda, se negando a reparar seu equipamento, ou melhor, o equipamento que pertence a Gazprom, mas que, por contrato, devem consertar, isso não é culpa da Gazprom, é culpa dos políticos que tomaram a decisão sobre as sanções", completou o porta-voz do Kremlin.
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