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O premiê francês, François Fillon, disse nesta terça-feira que dois generais da Costa do Marfim estão negociando a renúncia do atual presidente Laurent Gbagbo.

O ministro de Relações Exteriores, Alain Juppe, disse anteriormente à Reuters TV que estava ciente das negociações para a partida de Gbagbo.

Os generais "estão negociando as condições de sua rendição enquanto nós conversamos", disse Fillon na Câmara dos Deputados do Parlamento. Funcionários do governo francês disseram que dois oficiais próximos de Gbagbo estavam dialogando com representantes das Nações Unidas.

Gabgbo se recusa a renunciar como presidente do país, mesmo que uma comissão eleitoral nacional e a ONU tenham declarado seu rival Alassane Ouattara como o vencedor do segundo turno da corrida presidencial, ocorrido no ano passado.

Críticas

O presidente da União Africana (UA), Teodoro Obiang Nguema, condenou hoje a intervenção militar estrangeira na Costa do Marfim e na Líbia. Segundo ele, a África deve poder cuidar de seus próprios assuntos. "A África não necessita de qualquer influência externa. A África precisa gerenciar seus próprios assuntos", disse Obiang Nguema, também presidente da Guiné Equatorial, durante uma conferência internacional em Genebra. "Cada estrangeiro é suscetível a propor soluções erradas. Os problemas africanos não podem ser resolvidos com uma visão europeia, americana ou asiática."

O líder da UA afirmou que a violência na Costa do Marfim causou grandes perdas humanas e afirmou que sua entidade pressionou pela renúncia de Laurent Gbagbo. A UA reconhece Alassane Ouattara como presidente eleito legitimamente no país. Segundo ele, porém, isso não deveria "implicar uma guerra, uma intervenção de um Exército estrangeiro".

Obiang Nguema também criticou a intervenção na Líbia, amparada por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU. "Eu acredito que os problemas na Líbia devem ser resolvidos internamente, e não com uma intervenção que poderia parecer uma intervenção humanitária. Nós já vimos isso no Iraque", comparou. Segundo ele a UA "deve estar implicada nos problemas constitucionais" em países como Costa do Marfim, Sudão, Egito, Tunísia e Líbia.

Obiang Nguema foi apontado como presidente da UA em janeiro. Seus críticos, porém, notam que ele não tem tradição em respeito aos direitos humanos em seu país. Ele tomou o poder em um golpe em 1979 e comanda a Guiné Equatorial com mão-de-ferro. Em Genebra, Obiang Nguema disse que a África, e particularmente seu país, está em um período de transição para sociedades mais abertas. Segundo ele, porém, isso deve ser feito de modo gradual para se evitar erros irreparáveis. As informações são da Dow Jones.

Ataque da ONU

A residência de Gbagbo foi atingida pelo menos 50 vezes por um helicóptero Mi-24 da Organização das Nações Unidas (ONU), informou nesta terça-feira Don Ahou Mello, porta-voz do político da Costa do Marfim. Ele também confirmou que um grande campo militar foi destruído ontem durante um ataque. Mello disse que Gbagbo "ainda está em Abidjan", mas se recusou a especular se ele considera a possibilidade de renunciar. A base militar Akban foi atacada nesta terça por forças da ONU e da França.

A força internacional lançou ontem uma ofensiva, após várias tentativas de convencer Gbagbo a deixar o poder de modo pacífico. Uma resolução do Conselho de Segurança (CS) da ONU autoriza que a força estrangeira ataque o arsenal de Gbagbo, que foi usado para atacar civis.

O porta-voz de Gbagbo disse, porém, que o líder não chegou ao ponto em que pretende se render. Já um porta-voz do líder político rival, Alassane Ouattara, afirmou em entrevista à rádio francesa RFI que Gbagbo aparentemente está negociando sua rendição.

Gbagbo se recusa a deixar o poder, mesmo após perder as eleições presidenciais de novembro para Ouattara, presidente reconhecido internacionalmente, cujas forças lançaram um ataque a partir do norte para tomar o controle da maioria do país, desde a semana passada. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.

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