“O objetivo desse marco será estabelecer regras para o futuro. Há comportamentos e práticas que não podem ser aceitas. Está em jogo a preservação das relações com os EUA: a confiança tem de ser retomada.” -François Hollande, presidente da França; “Estamos buscando uma base para cooperação entre nossos serviços, dos quais recebemos uma grande quantidade de informações, [...] que seja transparente, clara e em consonância com o fato de sermos parceiros.” -Angela Merkel, chanceler da Alemanha; “O que Angela e François querem fazer é totalmente sensato e outros países estão livres para se juntar a eles. Para nós, acho que estamos na situação certa, mas entendo o que os outros querem fazer e apoio.” -David Cameron, primeiro-ministro do Reino Unido| Foto: Laurent Dubrule/Reuters; Francois Lenoir/Reuters; Francois Lenoir/Reuters

ONU

Brasil ganha apoio para resolução em favor da privacidade na internet

O Brasil conseguiu ontem o apoio da Alemanha para tentar aprovar nas Nações Unidas uma resolução a favor da privacidade na internet. Proposta inicialmente brasileira, a resolução será agora dividida com o governo alemão, também atingido diretamente pela espionagem da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos. O Itamaraty confirmou que deverá reescrever com os alemães o primeiro rascunho de uma resolução a ser apresentada à Assembleia Geral. Representantes dos dois países na ONU se reuniram esta semana em Nova York com diplomatas de outros países europeus e latino-americanos e decidiram dar força à resolução, proposta pela presidente Dilma Rousseff em seu discurso na abertura da Assembleia Geral, em setembro. A intenção é não citar o caso de espionagem e não apontar os americanos como grandes vilões.

Agência Estado

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Limites

Uma assessora da Casa Branca afirmou em artigo publicado ontem que o presidente americano, Barack Obama, pediu para revisar a política de espionagem e que se respeite os aliados internacionais dos EUA. Em uma coluna no jornal USA Today, a assessora antiterrorismo e de segurança nacional do presidente, Lisa Mónaco, afirmou: "Há limites legais para o que a NSA pode e não pode fazer e os documentos que o governo revelou provam que a NSA segue esses limites".

França e Alemanha vão impulsionar até o final do ano a negociação com o governo norte-americano em torno de um marco de cooperação sobre as práticas dos serviços secretos. O acordo é uma resposta à suposta espionagem dos EUA sofrida por ambos os países.

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"O objetivo desse marco será estabelecer regras para o futuro", disse o presidente francês, François Hollande, em entrevista coletiva após encontro paralelo à cúpula de dois dias da União Europeia em Bruxelas. Para o francês, "há comportamentos e práticas que não podem ser aceitos".

Segundo Hollande, a iniciativa está aberta para os outros países europeus que queiram se unir. Paralelamente, tentará se revitalizar o grupo criado há meses pela União Europeia para discutir o assunto com Washington.

"Vamos fazer todo o possível para conseguir antes do fim de ano um entendimento comum sobre a cooperação dos serviços de inteligência dos Estados Unidos com Alemanha e França", confirmou a chanceler alemã, Angela Merkel.

Para Hollande, é imperativo conseguir "resultados" nessas conversas, pois "a confiança é essencial entre aliados". Herman Van Rompuy, presidente do Conselho Europeu, também citou a importância da confiança entre os parceiros. "Sua ausência pode prejudicar a cooperação na luta contra o terrorismo", disse. "O princípio deve ser: não se espiona, nem no futuro", assinalou Merkel, exigindo dos EUA "verdadeiras mudanças" em relação às práticas dos serviços de inteligência.

O primeiro-ministro da Itália, Enrico Letta, explicou que os líderes da UE pactuaram uma "declaração final que se somará às conclusões do Conselho Europeu e que confirma que os europeus querem saber a verdade". Na quinta-feira, o jornal britânico The Guardian publicou que a NSA espionou as conversas telefônicas de 35 dirigentes do mundo após um alto funcionário americano entregar uma lista com os números.

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De fora

O Reino Unido não vai se unir à Alemanha e à França na reavaliação das relações de inteligência com os EUA. "Eu acho que o que Angela e François querem fazer é totalmente sensato e outros países europeus estão livres para se juntar a eles", disse o primeiro-ministro britânico, David Cameron, ao final da reunião de cúpula da UE.

Cameron destacou a natureza "única" da parceria entre agências de inteligência britânicas e norte-americanas e indicou que isso dificilmente vai mudar. "Para nós, acho que estamos na situação certa, mas entendo o que os outros querem fazer e apoio isso", disse Cameron, que criticou a divulgação de informações baseadas em dados vazados por Edward Snowden.