Opinião
O desafio do mundo islâmico está em aceitar valores democráticos
Leia a opinão completa de Heni Ozi Cukier, cientista politico e fundador do Insight Geopolítico, consultoria de risco político internacional.
Temendo reações à publicação por uma revista de charges que satirizam o profeta Maomé, o governo da França ordenou ontem o fechamento de embaixadas, consulados e instituições, como escolas, em cerca de 20 países de população muçulmana.
A princípio, o fechamento é por um dia apenas a sexta-feira é o dia da reza muçulmana e quando se concentram manifestações.
A medida ocorre em meio a protestos contra um filme produzido nos EUA que satiriza o fundador do Islã.
O semanário humorístico Charlie Hebdo justificou a publicação das charges afirmando que não deve haver limites à liberdade de expressão.
"Não há nada a negociar com os fascistas", escreveu Stéphane Charbonnier, editor da revista no curto texto que acompanha as quatro charges. Em duas delas, um muçulmano que seria o profeta Maomé aparece nu, em posições eróticas.
Policiais da tropa de choque foram enviados para proteger a redação do semanário, em Paris.
Embora reiterando que a liberdade de expressão deve prevalecer, o governo francês demonstrou preocupação.
O chanceler Laurent Fabius advertiu que o "Charlie Hebdo" pode estar jogando "óleo no fogo", mas ressaltou que cabe aos tribunais decidir se a revista foi longe demais. Uma associação árabe entrou com uma ação na Justiça contra a revista.
Em entrevista à rádio RTL, o premiê Jean-Marc Ayrault disse que não serão permitidas manifestações no país contra o filme anti-islâmico programadas para sábado.
Casa Branca
Principal alvo dos protestos anti-islâmicos, os EUA também criticaram a decisão do semanário francês. Jay Carney, porta-voz da Casa Branca, questionou o "julgamento" da revista em publicar as charges logo agora, e alertou para seu potencial "incendiário".
Ao menos 25 pessoas morreram na última semana em violentos protestos, entre eles o embaixador norte-americano na Líbia.
PropagandaMetrô de Nova York terá anúncio que liga islâmicos a "homem selvagem"
Em meio aos protestos que consomem grande parte do mundo árabe, os novaiorquinos irão em breve defrontar-se como uma nova polêmica envolvendo o Islã: uma propaganda no sistema de trânsito que terá a frase "Em qualquer guerra entre o homem civilizado e o selvagem, apoie o civilizado". A mensagem é concluída com as palavras "Apoie Israel, enfrente a jihad".
Depois de ter rejeitado o anuncio inicialmente e perdido uma ação na Justiça, a Autoridade Metropolitana de Transporte da cidade anunciou ontem que a propaganda deve ser colocada em dez estações de metrô.
Em julho, o juiz Paul A. Engelmayer, da Corte Distrital Federal em Manhattan, entendeu que a autoridade de transporte havia violado os direitos, assegurados na Primeira Ementa, do grupo que queria divulgar o anúncio, a Iniciativa de Defesa da Liberdade Americana.
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