Enquanto não se sabe nem a motivação nem a autoria dos ataques em Paris, aumentam as especulações sobre a possibilidade de ser uma retaliação às investidas francesas ao Estado Islâmico.
Testemunhas que estavam em locais dos atentados disseram que atiradores gritaram “isso é pela Síria” antes de abrirem fogo. A França faz parte de uma coalizão que está combatendo o Estado Islâmico. Os bombardeios aéreos franceses começaram no dia 27 de setembro na Síria.
Desde então foram mais duas investidas da Força Aérea francesa, a última foi no domingo (8), num complexo de abastecimento de petróleo do Estado Islâmico.
O alvo não é só Paris. Há apenas dois dias, as autoridades francesas prenderam um homem que admitiu planejar ataques contra militares em Toulon, no Sudeste do país. Em agosto, a polícia frustrou um atentado num trem que fazia a rota Amsterdã-Paris.
Países que combatem o EI no Iraque e na Síria já haviam manifestado o temor que jihadistas estrangeiros retornassem a seus locais de origem para realizar ataques. A preocupação foi manifestada não apenas pela França, mas também por Reino Unido e EUA.
O atentado de hoje intensifica as tensões e aumenta o sentimento de insegurança, com os franceses relembrando outros atos de extremistas no país. O mais recente deles antes do caso "Charlie Hebdo" aconteceu há quase três anos, em março de 2012, quando Mohamed Merah, de 23 anos, que se dizia militante da rede terrorista al-Qaeda e da ideologia fundamentalista salafista, atirou e matou sete pessoas perto de Toulouse. O atirador executou três crianças franco-israelenses e um rabino na porta da escola judaica Ozar Hatorah e filmou o massacre com uma câmera atada a seu pescoço. Entre as vítimas, estava uma menina de 7 anos que ele agarrou pelos cabelos.
Ao longo de sua História recente, a França acumula uma extensa lista de ataques, reivindicados por diferentes grupos que vão desde a al-Qaeda até a Organização da Luta Armada Árabe.
Coincidência
O modelo do fuzil usado em um dos ataques de sexta-feira (13), na execução de ao menos 10 pessoas num restaurante da capital francesa, é o mesmo que foi usado pelos irmãos Saïd e Chérif Kouachi no atentado à revista Charlie Hebdo, em janeiro deste ano. Em ambos os casos foram AK-47, sigla da denominação russa Avtomat Kalashnikova obraztsa 1947 goda, conhecido também como Kalashnikov.