Julian Assange em 2012n na embaixada equatoriana no Reino Unido| Foto: KERIM OKTEN/EFE

O governo da França negou nesta sexta (3) conceder asilo a Julian Assange, fundador do WikiLeaks, que mora desde 2012 na Embaixada do Equador em Londres.

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Uma longa carta aberta de Assange endereçada ao presidente francês, François Hollande, foi publicada nesta sexta no “Le Monde”. Nela, o jornalista australiano diz que sua saúde mental e física corre perigo.

“Tenho à minha disposição 5,5 metros quadrados para uso privativo. O acesso ao ar livre, à luz do sol, me foi proibido pelas autoridades do Reino Unido, assim como qualquer possibilidade de ir a um hospital. (...) Longe da imagem de luxo normalmente associada aos postos diplomáticos, a embaixada do Equador é um espaço modesto que não foi pensado para ser uma moradia. Foi impossível, nos últimos três anos, manter uma vida familiar ou íntima.”

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Em um breve comunicado, o Palácio do Eliseu respondeu que não iria atender o pedido. “A situação do sr. Assange não implica em perigo imediato. Sobre ele, há um mandato de prisão europeu”. A recusa não surpreendeu, já que em diversas outras ocasiões o premiê francês, Manuel Valls, expressou que não era favorável a uma eventual acolhida do jornalista na França.

Recentemente, figuras de prestígio do país, como o jogador de futebol Eric Cantona e o economista Thomas Pikkety, defenderam o recebimento de Assange pela França.

Histórico

O fundador do WikiLeaks é acusado de estuprar e abusar sexualmente de duas mulheres durante visita à Suécia em agosto de 2010, mas não foi acusado formalmente pelos dois delitos.

Em dezembro do mesmo ano, ele foi detido em Londres, após a Suécia pedir sua prisão preventiva. A partir daí, começou uma batalha judicial no Reino Unido que terminou com a decisão da Suprema Corte, em 30 de maio de 2012, por sua extradição.

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Vinte dias depois e na iminência de ser extraditado, Assange pediu asilo ao Equador na capital britânica, concedido dois meses depois. Desde então, ele mora na embaixada porque não recebeu o salvo-conduto britânico para viajar ao país sul-americano.

A preocupação do fundador do WikiLeaks é que a extradição para a Suécia signifique seu envio aos Estados Unidos, onde seria julgado por um tribunal militar pelo vazamento de informações confidenciais. A Justiça sueca nega ter esta intenção.

Desde 2009, o WikiLeaks publicou cerca de 600 mil documentos do Departamento de Estado e das Forças Armadas americanas sobre assuntos como as guerras no Iraque e no Afeganistão e as relações diplomáticas com diversos países do mundo.

A maior parte do material foi repassada ao site por Chelsea Manning, fuzileira naval que recolheu os dados dos sistemas do governo americano durante seu serviço no Iraque. Devido ao vazamento, ela foi condenada a 35 anos de prisão em 2013.