A França pediu neste sábado (12) que as Nações Unidas "acelerem" o estabelecimento de uma resolução que permita o rápido envio de uma força internacional ao Mali.
A solicitação, feita por carta, também pede formalmente ao Conselho de Segurança que atenda a um pedido de ajuda apresentado pelo presidente interino do país, Dioncounda Traoré.
As forças francesas apoiam o Mali no "combate contra os elementos terroristas", indicou o embaixador francês nas Nações Unidas, Gerard Araud, em uma carta.
As operações durarão o tempo necessário, acrescentou a carta.
Embora as Nações Unidas já tenham aprovado o envio de cerca de 3 mil, as tropas só devem chegar ao país a partir de setembro.
Reforço francês
O Exército do Mali lançou ontem, com o apoio da França e de outros países africanos, uma contra-ofensiva no centro do país para conter os islamitas que conquistaram o norte no ano passado e que ameaçavam avançar para o sul.
Poucas horas depois de anunciar que sairia em defesa do governo do Mali, a França iniciou ontem ataques aéreos para conter os grupos islâmicos que dominaram o norte do país.
O presidente da França, François Hollande, anunciou que as Forças Armadas francesas ajudariam as tropas do Mali porque o país enfrenta uma "agressão terrorista". Para o presidente, a situação coloca em risco cerca de 6 mil franceses que vivem no Mali.
Hollande disse que a decisão, "dentro do marco da legalidade internacional", foi tomada após um acordo com o presidente malinense, Dioncounda Traoré.
O Mali pediu ajuda francesa anteontem, após moradores de uma cidade no norte do país africano dizerem que os rebeldes expulsaram o Exército oficial de toda a região, que representa dois terços do país.
Os rebeldes, entre os quais há membros da Al Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI), Monoteísmo e Jihad na África Ocidental (MYAO) e Ansar Al Din, tomaram o reduto de Konna e ameaçam agora a cidade de Mopti, que faz fronteira com a região rebelde e para onde o Exército regular enviou reforços.
Repercussão
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Tommy Vietor, destacou ontem que Washington "compartilha os objetivos da França no Mali para impedir que terroristas tenham um santuário na região".
O presidente da União Africana, Thomas Boni Yayi, também apoiou a decisão da França. "Quero a todo custo, em nome do continente, expressar nossa gratidão à República Francesa, a seu presidente, ao governo e a todo o povo francês, que foram capazes de entender a gravidade da atual situação no Mali e na zona da África Ocidental."
O Conselho de Segurança das Nações Unidas solicitou na última quinta o rápido envio de uma força internacional ao Mali diante da "grave deterioração da situação no terreno".
O Conselho pediu aos estados membros que ajudem as forças de segurança do Mali a reduzir a ameaça que representam as organizações terroristas que controlam o norte do país.
Retomada
Hoje, o exército de Mali afirmou ter retomado controle da cidade de Konna no centro do país na contra-ofensiva em parceria com as tropas francesas. "Terminamos a limpeza dos afins à resistência desde ontem, mas é necessário ter prudência", afirmou o capitão Traoré, contatado por telefone na cidade de Savere, próxima a Konna.