Paris (AFP e agências internacionais) A França terá uma semana de alta tensão, com a queda-de-braço entre o primeiro-ministro, Dominique de Villepin, e os que rejeitam o Contrato do Primeiro Emprego (CPE), que deve atingir seu ápice hoje e amanhã, com greves e manifestações possivelmente violentas.
Diante do longo conflito social exacerbado por vândalos extremamente violentos e do temor de uma nova "Revolta dos Subúrbios", a maioria dos franceses lança um apelo ao chefe de Estado. Segundo uma pesquisa publicada pelo Journal du Dimanche, 83% dos franceses querem que o presidente Jacques Chirac, cujo mandato termina em 2007, se envolva mais na gestão da crise.
O CPE, apresentado por Villepin como uma ferramenta de luta contra o desemprego entre a população mais jovem, é criticado por estudantes e sindicalistas, que afirmam que a medida vai aumentar a instabilidade por permitir ao empregador demitir um funcionário (de até 26 anos) sem justa causa durante um período inicial de dois anos. Segundo a pesquisa, 66% dos franceses são favoráveis à retirada do CPE.
Apesar do temor de novos confrontos, os sindicatos franceses e as organizações estudantis estão se mobilizando para uma "terça-feira negra". Eles pedem a retirada do CPE, mas o premiê francês está somente disposto a emendá-lo. Os transportes públicos podem ser afetados pela greve e 135 manifestações estão previstas em toda a França. O último dia de protestos reuniu, em 18 de março, entre 530 mil e 1,5 milhão de pessoas em todo o país. "Ainda não atingimos o ponto culminante da contestação", declarou o secretário-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT), Bernard Thibault, ao Journal du Dimanche.
Porém, Villepin, que transformou a luta contra o desemprego em sua prioridade, se recusa a retroceder sobre o CPE. Ele afirmou, no entanto, seu desejo de encontrar rapidamente uma solução pelo diálogo. "Saber imaginar um consenso é ser corajoso e útil à França", alfinetou no sábado o ministro francês do Interior, Nicolas Sarkozy, o maior adversário de Villepin para representar a direita nas eleições presidenciais de 2007. O Conselho Constitucional deve se pronunciar na próxima quinta-feira sobre a validade da lei que criou o CPE.
A impaciência também cresce entre os alunos que querem estudar. Várias centenas, apoiados por pais e professores, se manifestaram ontem no centro de Paris.