O governo francês pretende usar a segunda visita oficial do presidente Nicolas Sarkozy ao Brasil, entre domingo (6) e segunda (7), para ampliar o "viés civil" da Parceria Estratégica entre os dois países. Depois de firmar a venda de submarinos e helicópteros em um acordo de 8,6 bilhões (R$ 22,6 bi) e conquistar o favoritismo na licitação FX-2, do Ministério da Defesa, o Palácio do Eliseu quer agora aprofundar os negócios em áreas como energia nuclear, transportes e a exploração do espaço. Para os franceses, o Brasil é ainda visto como plataforma na qual suas empresas poderão produzir e vender para toda a América Latina.
O foco da Parceria Estratégica foi revelado pelo conselheiro diplomático do Palácio do Eliseu, Jean-David Lévite, na sexta-feira, em Paris. A ambição do governo francês é reduzir o peso militar das relações comerciais entre os dois países, ampliando os negócios civis. "Os contratos militares progrediram rapidamente, mas os civis vão ultrapassá-los em breve", estimou Lévite.
Só para a compra dos quatro submarinos convencionais Scorpène, para a produção do casco de um submarino nuclear e a construção de uma base naval e de um estaleiro no Rio, o Ministério da Defesa vai desembolsar 6,7 bilhões de euros, de acordo com os números divulgados em Paris. Outros 1,9 bilhão de euros vão para a aquisição de 51 helicópteros pesados Cougar EC-725, que serão produzidos no Brasil pela Helibras, subsidiária da francesa Eurocopter.
O governo francês confia ainda no favoritismo dos aviões de caça Rafale, produzidos pela Dassault, que competem com os americanos F/A-18 da Boeing e com os suecos Gripen NG na licitação FX-2, que prevê a compra de 36 aviões para a Força Aérea Brasileira (FAB). O resultado da seleção pode até ser divulgado neste segunda-feira.
A França também planeja usar o Brasil para transformar o país em um trampolim comercial no continente. "O Brasil será uma plataforma de reexportação para toda a América Latina de produtos franceses fabricados no país, como os helicópteros Eurocopter, os submarinos DCNS e os aviões, se for o caso", afirmou o conselheiro de Américas da Presidência francesa, Damien Loras.