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pressão dos ‘coletes amarelos’

França recua e vai suspender reajuste de taxa de combustível

Barricada dos membros do movimento popular "coletes amarelos" em uma rodovia durante um protesto contra os custos dos combustíveis em Narbonne, na França | Balint Porneczi/Bloomberg
Barricada dos membros do movimento popular "coletes amarelos" em uma rodovia durante um protesto contra os custos dos combustíveis em Narbonne, na França (Foto: Balint Porneczi/Bloomberg)

O primeiro-ministro da França, Edouard Philippe, deve anunciar nesta terça-feira (4) o congelamento do reajuste da taxa sobre combustíveis que entraria em vigor em 1º de janeiro, informa a imprensa local.

Protestos contra o aumento do imposto, alguns deles extremamente violentos, levaram milhares de pessoas às ruas e rodovias do país nos três últimos sábados, numa mobilização apelidada de "coletes amarelos", por causa do acessório usado pelos manifestantes.

A suspensão da alta da alíquota pode perdurar por alguns meses, segundo o jornal Le Monde, e deve ser acompanhada de outros anúncios que visam apaziguar o movimento, que tem forte aprovação da sociedade francesa (na casa dos 70%, segundo diferentes sondagens).

O recuo marca uma derrota para o presidente Emmanuel Macron. Ele vinha repetindo desde o primeiro grande ato dos "coletes amarelos", em 17 de novembro, com mais de 280 mil participantes espalhados pelo país, que não revogaria o reajuste, com o qual o governo pretendia financiar a transição energética francesa para fontes limpas.

A violência dos protestos, sobretudo o ocorrido em Paris no último sábado (1º), que deixou centenas de feridos e um rastro de destruição do patrimônio público e de enormes prejuízos para o comércio, o terá feito capitular.   

Contexto

Os protestos tiveram início no dia 17 de novembro, contra o aumento dos impostos sobre diesel e gasolina. A taxação sobre os combustíveis fósseis faz parte do plano de Macron para reduzir a emissão de gases poluentes e combater as mudanças climáticas. 

Mas a agenda do movimento rapidamente se expandiu e hoje abarca reivindicações como o aumento do salário mínimo, a diminuição da taxação das aposentadorias e a melhoria dos serviços públicos. 

Para além da questão dos combustíveis, muitos aproveitaram para expressar seu descontentamento com o que consideram “o presidente dos ricos”, visto cada vez mais distante das preocupações dos cidadãos comuns. 

Apoio de milhares de estudantes

Mais de cem escolas secundárias foram bloqueadas na segunda-feira (3) parcial ou totalmente, em toda a França, em protesto contra as reformas educacionais empreendidas pelo governo de Macron. Os milhares de estudantes que aderiram aos protestos deram apoio ao movimento dos "coletes amarelos", segundo o Ministério da Educação. A região de Toulouse, no sudoeste do país, foi a mais afetada. Das 40 escolas, 35 foram fechadas em razão dos protestos. "É preciso protestar contra a reforma educacional excludente que está sendo promovida por esse governo", disse o estudante Dylan Champeau. 

A região parisiense foi a segunda mais afetada, com 20 escolas secundárias fechadas ou com aulas interrompidas. Um carro foi queimado e uma loja de telefones foi saqueada perto de uma escola secundária em Aubervilliers, ao norte da capital. 

Em Dijon, cerca de 500 estudantes marcharam pelas ruas da cidade e entraram em confronto com a polícia. Os jovens atiraram pedras nos policiais, que responderam com bombas de gás lacrimogêneo. Em Nice, cerca de mil estudantes do ensino médio demonstraram apoio aos "coletes amarelos", gritando "Macron, renuncie".

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