O presidente da França, François Hollande, negou ontem o pedido do fundador do WikiLeaks, o jornalista e ciberativista Julian Assange, de se asilar no país. Assange tinha feito um apelo diretamente a Hollande, poucos dias depois de documentos publicados pelo WikiLeaks revelarem que a Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês) grampeou e espionou várias conversas de três presidentes franceses entre 2006 e 2012, incluindo o próprio Hollande. Além dele, foram espionados Jacques Chirac (1995-2007) e Nicolas Sarkozy (2007-2012).
“Minha vida está em perigo”, escreveu Assange em uma carta a Hollande publicada pelo jornal francês “Le Monde”. “A França é o único país que pode me oferecer a proteção necessária contra (...) as perseguições políticas que enfrento”.
Nos últimos três anos, Assange tem vivido na embaixada do Equador em Londres, onde se refugiou para evitar a extradição para a Suécia por supostos crimes sexuais. Ele teme que o governo sueco possa extraditá-lo para os EUA, onde ele enfrentaria um julgamento pela publicação de um grande número de documentos secretos.
Menos de uma hora depois que sua carta foi publicada pelo site do “Le Monde”, o gabinete de Hollande divulgou um comunicado informando que o pedido de asilo foi rejeitado.
“A França recebeu a carta do Sr. Assange. Uma análise profunda mostra que, em vista dos elementos jurídicos e elementos materiais da situação do Sr. Assange, a França não pode conceder o asilo”, disse o comunicado, citando que o fundador do WikiLeaks é alvo de uma ordem de prisão europeia.
No documento, Assange ressaltou que seu filho mais novo é francês, assim como a mãe da criança, e que há cinco anos não consegue ver o garoto. Assange acrescentou que estava “emocionado” com o fato de a ministra de Justiça francesa, Christiane Taubira, considerar um asilo para ele na França.
Na semana passada, o WikiLeaks publicou relatórios confidenciais de inteligência da NSA que mostram que o órgão americano grampeou e espionou conversas dos presidentes franceses entre 2006 e 2012. De acordo com a organização, celulares dos líderes, de ministros e de outros altos funcionários foram interceptados por mais de seis anos. O caso causou mal-estar entre França e EUA, e Hollande afirmou que a espionagem era “inaceitável”.
O WikiLeaks divulgou ainda que a NSA espionou a chanceler alemã, Angela Merkel, e membros do governo do país. O embaixador dos EUA em Berlim foi chamado para dar explicações.