O ministro francês da Saúde tentou nesta terça-feira (27) tranquilizar mulheres que usam próteses mamárias da marca PIP, dizendo que não há razões médicas para retirá-las imediatamente, apesar de o produto estar adulterado.
As próteses da extinta marca PIP foram feitas com silicone industrial, em vez de silicone médico, e aparentemente se rompem com facilidade. Estima-se que cerca de 300 mil mulheres usem essas próteses no mundo todo, e vários governos, inclusive o do Brasil, orientaram as pacientes a procurarem seus médicos para uma avaliação.
Na sexta-feira, o governo francês desencadeou um frenesi midiático ao recomendar que as usuárias das próteses PIP as retirem cirurgicamente. Mas nesta terça-feira (27) o ministro Xavier Bertrand disse que não há pressa.
"É verdade que não é algo de natureza urgente. Recomendamos que os implantes mamários sejam retirados para evitar a ruptura", disse Bertrand à rádio RTL.
Em fóruns franceses da internet, muitas mulheres falam das suas preocupações com as próteses, e algumas se queixam de fadiga e cansaço, enquanto outras ficam na dúvida sobre retirar ou não os implantes.
"Não podemos confiar nas próteses, e muito menos no cirurgião que está lá pelo dinheiro", escreveu uma mulher, que afirmou estar há dois dias sem dormir.
"O que me mata é que isso afeta todos os nossos entes queridos. Minha filha de 22 anos está com medo de que eu morra", escreveu outra mulher.
Bertrand disse desconhecer o número exato de francesas com próteses PIP, mas uma linha telefônica especial montada pelo governo no mês passado já recebeu 9.500 ligações, sendo dois terços de mulheres com o implante.
A PIP já foi a terceira maior fabricante mundial de próteses mamárias. A empresa faliu em 2010, após ter seus produtos retirados do mercado.
O ex-dono da PIP, Jean-Claude Mas, está recluso desde o início do escândalo, e Bertrand sugeriu no sábado que ele precisaria ser punido por manter um "negócio às sombras, com muito dinheiro envolvido".
Nenhum processo foi aberto por enquanto, mas fontes disseram que um tribunal de Marselha se prepara para indiciar ex-funcionários da PIP pela morte por câncer de uma mulher que usava próteses da marca. O governo francês afirma, no entanto, que não há evidências apontando uma associação entre os implantes e um maior risco de câncer.
Outras mulheres preferiram recriminar a imprensa, dizendo que a ênfase excessiva no escândalo tem espalhado ansiedade e medo.
"Já chega!", escreveu uma blogueira. "É claro que estou escandalizada por essa nova questão de saúde. É um problema sério de saúde pública, mas o interesse da mídia criou pânico."