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Soldados foram convocados a proteger pontos turísticos e escolas judaicas do país | Gonzalo Fuentes/Reuters
Soldados foram convocados a proteger pontos turísticos e escolas judaicas do país| Foto: Gonzalo Fuentes/Reuters

Extremismo

Milhares fazem novo protesto islamofóbico

Milhares de alemães foram às ruas ontem, respondendo a uma nova convocação do movimento Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente (Pegida), na cidade de Dresden, anunciada como um manifestação de luto pelas vítimas do semanário Charlie Hebdo.

Centenas de bandeiras alemãs, cartazes chamando a imprensa de mentirosa e pressionando pela proibição da entrada de estrangeiros no país encheram uma praça no centro de Dresden, na 12ª manifestação convocada pelo Pegida.

Apesar de alguns dos manifestantes mostrarem mensagens com os nomes dos cartunistas mortos no atentado de Paris, a maior parte dos presentes protestava contra a suposta islamização da sociedade alemã.

O Pegida manteve a convocação como um desafio aos vários pronunciamentos públicos contrários ao movimento, incluindo o do ministro da Justiça da Alemanha, Heiko Maas. Em entrevista ao jornal Bild, ele afirmou que a manifestação deveria ser suspensa se os organizadores tivessem "o mínimo de decência".

O protesto em Dresden provocou, em paralelo, várias manifestações contrárias em todo país. Milhares de pessoas também foram às ruas para protestar contra o fanatismo e o Pegida.

Um grupo de cartunistas franceses alertou no Facebook para que as pessoas não fossem enganadas com as falsas condolências dos islamofóbicos.

"As vítimas de Paris não foram assassinadas por uma religião, mas pelo ódio, ignorância, estupidez e extremismo", afirmam o grupo na mensagem, assinada por 14 caricaturistas, entre eles o holandês Willem, membro fundador da Charlie Hebdo.

Tudo é perdoado

A capa do Charlie Hebdo que chegará às bancas na quarta-feira trará uma imagem de Maomé chorando, desenhada pelo cartunista Luz, com a frase "Tout est pardonné" (Tudo é perdoado).

  • Multidão protestou contra

A França anunciou ontem uma mobilização militar sem precedentes para proteger os pontos sensíveis do país — incluindo as escolas judaicas —, enquanto as buscas por possíveis cúmplices dos ataques terroristas islâmicos da semana passada continuam. O anúncio veio depois de o presidente francês, François Hollande, presidir uma reunião ministerial de crise sobre a segurança nacional. Dezessete pessoas foram mortas em atentados contra o jornal satírico Charlie Hebdo e contra uma mercearia de produtos judaicos, numa escalada de violência que causou comoção e indignação em todo o mundo.

O ministro da Defesa francês, Jean-Yves Le Drian, sem especificar quais são os pontos vulneráveis, afirmou que a mobilização dos soldados começou na manhã de ontem. Também em resposta aos ataques, a França deslocará quase cinco mil policiais para proteger as 717 escolas judaicas do país.

Em uma entrevista à rádio RMC e à televisão BFM, o primeiro-ministro, Manuel Valls, afirmou que a caçada por "potenciais cúmplices" continua. De acordo com o premier, acredita-se que há 1,4 mil jihadistas franceses ou residentes na França candidatos potenciais ou que já se somaram à Jihad na Síria ou no Iraque.

Novas informações sobre o paradeiro de Hayat Boumeddiene, a mulher suspeita de ser cúmplice dos militantes islâmicos e de ser a namorada de um deles, revelam que ela estava na Turquia antes do início da violência em Paris, e que teria partido para a Síria enquanto os agressores ainda estavam foragidos.

Imagens de segurança divulgadas ontem pela rede turca de televisão Haberturk, mostram a chegada de Hayat ao aeroporto Sabiha Gokcen, em Istambul, no dia 2 de janeiro.

O ministro de Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu, disse à agência de notícias estatal Anatólia que Boumeddiene permaneceu num hotel de Istambul com outra pessoa antes de cruzar a fronteira síria, na quinta-feira.

Os atentados deixaram os países europeus em alerta. Ontem, o primeiro-ministro David Cameron consultou a Inteligência britânica sobre a resposta do Reino Unido à ameaça terrorista. Na Espanha, o Ministério do Interior desenterrou o Plano Nacional de Combate à Radicalização Violenta, de fundo islâmico, que começou a ser elaborado há dois anos.

Islamofobia

A França registrou mais de 50 atos antimuçulmanos desde o atentado contra o Charlie Hebdo, anunciou ontem o Observatório contra a Islamofobia do Conselho Francês de Culto Muçulmano (CFCM).

Segundo o presidente do CFCM, Abdullah Zekri, que cita dados do ministério do Interior, desde quarta-feira passada foram contabilizadas 21 ações, como disparos e lançamentos de granadas. Outras 33 ameaças, incluindo cartas e insultos, foram registradas.

Ele destacou que se trata de uma contagem parcial e se disse escandalizado com o número de agressões, "algo jamais visto em menos de uma semana".

John Kerry visitará Paris nesta semana

O governo dos EUA admitiu oficialmente ontem ter errado ao não enviar um representante de alto escalão à marcha em solidariedade às vítimas do atentado ao Charlie Hebdo.

A manifestação, que reuniu 3,7 milhões de pessoas nas ruas de Paris no domingo, contou com a presença de 40 líderes mundiais.

A presença do presidente americano, Barack Obama, e do vice-presidente, Joe Biden, foi evitada por motivos de segurança, de acordo com a Casa Branca.

O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, disse ontem que viajará a Paris nesta semana para expressar solidariedade às vítimas do ataque ao semanário.

Em viagem à Índia, Kerry disse que viajará estará em Paris em parte da sexta-feira, onde irá se encontrar o ministro de Relações Exteriores, Laurent Fabius.

Compareceram à marcha de Paris a principal diplomata dos EUA para a Europa, secretária-assistente de Estado Victoria Nuland, e o embaixador norte-americano na França.

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