Nada melhor do que a abertura das oitavas de final, que acontece neste sábado às 11 horas em Kazan, ser um clássico do futebol mundial. Juntas, as duas equipes têm três títulos mundiais (Argentina: 1978 e 1986, França: 1998). O caminho para chegar até a fase eliminatória da Copa foi mais simples para os gauleses do que para os hermanos. Com um dos melhores jogadores do mundo, Lionel Messi, a Argentina ainda não desencantou.
No confronto direto entre as duas seleções, a vantagem é claramente argentina: das 11 partidas disputadas entre os dois países, a Argentina venceu 6, incluindo duas em Mundiais (1930 e 1978). Mas, no cenário internacional, a França ostenta uma melhor situação, segundo indicadores da Economist Intelligence Unit (EIU) e da Freedom House.
França: o terror ajuda a minar a democracia
Um dos berços das modernas tradições democráticas, a França vem enfrentando pesados desafios por causa do avanço do terrorismo. Em julho de 2016, em um ataque reivindicado pelo Estado Islâmico, um homem dirigindo um caminhão atropelou uma multidão que comemorava do Dia da Bastilha (data nacional francesa, que marca o início do fim do absolutismo no país), matando 84 pessoas em Nice (Sul do País). Em novembro de 2015, no maior ataque terrorista da história, militantes islâmicos invadiram uma casa de shows em Paris, matando 130 pessoas. E, no início daquele ano, terroristas ligados ao Exército Islâmico invadiram a redação do Charlie Hebdo, uma revista satírica, matando 12 pessoas em Paris.
Esse histórico de ataques terroristas fez com que a França reforçasse as leis anti-terror. A defesa do terrorismo foi criminalizada em 2014. E a legislação também permite que locais de culto sejam fechados por até seis meses caso venham a difundir ideias que contribuam para incitar a violência ou favoreçam ataques extremistas no país ou no exterior. Segundo a EIU, essas leis têm sido duramente criticadas por terem um potencial de minar as liberdades individuais, incluindo a de expressão.
A Freedom House considera que, ainda, o sistema político francês apresenta vibrantes processos democráticos e fortes proteções aos direitos políticos e às liberdades civis. “Entretanto, devido a uma série de ataques terroristas mortais, os sucessivos governos têm estado dispostos a restringir as proteções constitucionais e empoderar as forças de ordem pública para que atuem de forma a afetar as liberdades pessoais”, aponta a entidade defensora da democracia e dos direitos humanos.
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Segundo o Índice da Democracia, calculado pelo EIU, a França é o 29° país mais democrático do mundo, uma queda de uma posição em relação ao ranking de 2012. Nesse período, a cultura política francesa foi refreada e as liberdades civis foram afetadas pela ascensão do terrorismo.
O sentimento anti-imigração e anti-islamismo tem crescido no país. Isto favorece uma extrema polarização social e política, que garantiu que Marine Le Pen, candidata da extrema-direita, chegasse ao segundo turno das eleições presidenciais de 2017. Elas foram vencidas pelo centrista Emmanuel Macron. O sistema eleitoral tem contribuído para manter os partidos radicais fora do poder. Mas, segundo o EIU, o principal problema dos grandes partidos políticos europeus é o de não conseguir atender às preocupações do público jovem e da classe trabalhadora. “Isto contribui para sustentar o sentimento anti-establishment, fazendo com que os partidos tradicionais sejam tentados a adotar práticas iliberais para conter os populistas.”
Argentina: qualidade da democracia melhora, mas economia patina
A qualidade da democracia argentina melhorou após a saída de Cristina Kirchner do poder, em 2015. Entre 2012 e 2017, o país ganhou quatro posições no ranking dos países mais democráticos, que é calculado pelo EIU. Atualmente, está em 48°, o que a qualifica como uma democracia imperfeita. Mas tem avançado em questões como o processo eleitoral, participação política e cultura política. “É uma democracia vibrante, com eleições competitivas e amplo debate público”, aponta a Freedom House.
A corrupção e a violência relacionada às drogas estão entre os principais desafios enfrentados pelo país. Mas há pontos positivos a destacar, ressalta a entidade. Kirchner está enfrentando investigações relacionadas à corrupção em seu mandato. A Justiça suspendeu a imunidade parlamentar da senadora.
Em maio, ela foi indiciada por lavagem de dinheiro. A Justiça também determinou o embargo de 800 milhões de pesos (R$ 112 milhões). A ex-presidente responde ainda a processos por evasão de divisas devido a informação privilegiada, enriquecimento ilícito e desvio de verbas relacionadas a outras obras públicas.
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A economia também enfrenta uma situação delicada. Uma forte corrida aos dólares, que causou uma desvalorização do peso em 30%, levou a Argentina recorrer a um empréstimo de US$ 50 bilhões para tentar equilibrar-se. Isto reforçou as críticas ao governo de Maurício Macri, que, na segunda, enfrentou uma grande greve do setor de transportes.
As centrais sindicais reclamam do baixo aumento dos salários. As negociações, realizadas em abril, foram feitas tomando por base uma previsão de uma inflação anual de 15%. Contudo, uma projeção feita pelo Itaú indica que ela chegará a 26,5%. O crescimento econômico pode ser a metade do que foi registrado em 2017. Cálculos do banco brasileiro apontam que, neste ano, o PIB poderá aumentar só 1,5%.
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