Estocolmo - Contrariando as apostas que se concentravam em nomes consagrados, como o norte-americano Philip Roth, o peruano Mario Vargas Llosa ou o israelense Amós Oz, a Academia Sueca decidiu conceder o Nobel de Literatura ao francês Jean-Marie Gustave Le Clézio. Pouco conhecido no Brasil, é um dos escritores mais traduzidos de seu país.
Após o anúncio, Le Clézio disse que escrever "não é só estar sentado numa mesa, é escutar o ruído do mundo".
O reconhecimento do escritor começou em 1980, com o romance Désert, que ganhou prêmio da Academia Francesa. A obra descreve as agruras de uma mulher nascida no Saara tentando adaptar-se à imposição da colonização francesa no começo do século 20.
O comitê sueco disse que Le Clézio foi escolhido por buscar a "aventura poética e o êxtase sensual, por explorar a humanidade além e abaixo da civilização reinante.
Entre seus temas mais freqüentes estão histórias de aventuras baseadas em sua experiência em viagens por desertos , cenários africanos e americanos. A academia também distingue sua "sensibilidade ecológica.
Entre Nice e Novo México
Le Clézio nasceu em Nice em 1940, mas mudou-se ainda criança para a Nigéria, onde seu pai foi médico durante a Segunda Guerra Mundial. Voltou à França em 1950.
No começo dos anos 70, decidiu abandonar as grandes cidades e permanecer por um período na América Central. Nos últimos anos, vive entre Nice e o Novo México, nos EUA. Casado com uma marroquina, passa parte de seu tempo viajando.
Suas obras de tom ecológico incluem Terra Amata (terra amada, 1967), La Guerre (a guerra, 1970) e Les Géants (os gigantes, 1973).
No Brasil, foram lançados três títulos. A Quarentena (1997) que teria sido inspirado em Os Sertões, de Euclides da Cunha, segundo entrevista do autor, no ano do lançamento, a O Estado de S.Paulo. Também saíram aqui O Africano (2007) e O Peixe Dourado (2001).