A maioria dos franceses e dos americanos daria seu apoio a uma ação militar contra o Irã, se esse fosse o último recurso e os outros meios tivessem fracassado para impedir que o país adquirisse armas nucleares, mostraram os resultados de uma grande pesquisa internacional nesta quarta-feira.

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Mas, entre os alemães entrevistados, houve mais gente que preferiria que o Irã obtivesse a bomba atômica ao uso da força contra o país, se os esforços diplomáticos ou as sanções não funcionassem.

A pesquisa anual Transatlantic Trends mostrou que, embora as opiniões européias a respeito da política externa americana tenham ficado ainda mais negativas no ano passado, os dois lados do Atlântico têm percepções semelhantes sobre as ameaças à sua segurança.

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A sondagem, realizada em junho, também mostrou uma mudança profunda na opinião pública turca, que se afastou do Ocidente e demonstra maior simpatia com o Irã, que em parte reflete a redução do apoio dos turcos e dos europeus à entrada da Turquia na União Européia.

O estudo, conduzido pelo German Marshall Fund of the United States, mostrou que a desaprovação à política externa do presidente George W. Bush subiu para 76%, o índice mais alto em cinco anos, enquanto apenas 18% a apóiam.

Apesar da maior colaboração entre EUA e UE no nível governamental, em questões que vão do programa nuclear iraniano ao Afeganistão e ao Oriente Médio, a maioria dos entrevistados, dos dois lados do Atlântico, acha que as relações entre a superpotência e o continente europeu ou pioraram ou ficaram na mesma.

- A pergunta interessante é por que, se as relações oficiais melhoraram nos últimos dois meses, não há recuperação na opinião pública - disse Ron Asmus, diretor do Centro Transatlântico do German Marshall Fund, em Bruxelas. - Houve uma reaproximação entre as elites políticas, mas isso não produziu mudanças visíveis nem solucionou grandes problemas dos quais as pessoas se lembrem - acrescentou ele.

O mais preocupante para os EUA foi o fato de o apoio público à liderança global americana ter caído mesmo em seus aliados tradicionais, como Grã-Bretanha, Holanda e Alemanha, disse Asmus.

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A maioria dos europeus parece já ter uma opinião consolidada sobre Bush, afirmou.

Uma outra pesquisa de opinião entre os membros do Parlamento Europeu e de funcionários da Comissão Européia, conduzida pelo centro de estudos italiano Compagnia de San Paolo, mostrou que eles estão dando bem mais apoio à liderança dos EUA, embora também desaprovem em grande parte o modo como Bush conduz a política externa.

Questionados sobre ameaças, tanto europeus como americanos afirmaram que o terrorismo é o maior perigo que o mundo enfrentará nos próximos dez anos, seguido de perto pelo risco de o Irã adquirir armas nucleares e pelo fundamentalismo islâmico radical.

As opiniões também são semelhantes no que diz respeito à restrição de liberdades civis em nome do combate ao terrorismo. Mas os europeus estão mais preocupados com o aquecimento global, enquanto os norte-americanos temem a disseminação de doenças e o aumento do poder da China.

Sobre o Irã, 96% dos americanos e 85% dos europeus encaram a possibilidade de Teerã virar uma potência nuclear como uma ameaça importante. Para evitar que isso aconteça, 45% dos europeus e 28% dos americanos defendem incentivos, enquanto 36% dos americanos e 28% dos europeus são favoráveis à imposição de sanções.

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Mas, quando questionados sobre o que aconteceria se as medidas não-militares não conseguissem impedir que o Irã obtivesse armas atômicas, 53% dos americanos e 43% dos europeus foram favoráveis à ação militar. Na França, a proporção foi de 54%. Na Alemanha, 40% se disseram a favor da ação militar, mas 46% disseram que seria melhor deixar o Irã conseguir as armas nucleares.

A pesquisa do TNS foi conduzida nos Estados Unidos e em 12 países europeus, incluindo a Bulgária e a Romênia pela primeira vez, entre 6 e 24 de junho. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.