Neste domingo (10), os franceses vão escolher o presidente do país pelos próximos cinco anos entre 12 candidatos. As pesquisas apontam que a eleição deve ir para o segundo turno, marcado para 24 de abril, e que será a escolha presidencial francesa mais acirrada desde 2012, quando o socialista François Hollande bateu o então presidente Nicolas Sarkozy em segunda votação por apenas três pontos percentuais (51,6% a 48,4%).
O atual presidente, o social-liberal Emmanuel Macron, e a direitista Marine Le Pen aparecem nos dois primeiros lugares nas pesquisas e devem repetir o embate de 2017. Naquela votação, Macron teve uma vantagem pequena sobre sua adversária no primeiro turno, com 24,01% contra 21,3% dos votos válidos.
A diferença é que cinco anos atrás as pesquisas feitas antes da primeira votação já indicavam que Macron venceria facilmente no segundo turno, com mais de 60% dos votos, o que realmente acabou acontecendo: ele teve 66,1% dos votos válidos e Le Pen, 33,9%.
Este ano, Macron chegou a abrir em meados de março 12 pontos percentuais de vantagem no primeiro turno nas pesquisas, mas essa diferença foi se reduzindo e um levantamento divulgado na sexta-feira (8) pelo instituto Elabe mostrou que ele e Le Pen estão empatados dentro da margem de erro (que é de 1 a 2,8 pontos percentuais), com 26% preferindo o atual presidente e 25% a sua principal adversária.
Os candidatos mais próximos dos dois são o esquerdista Jean-Luc Mélenchon (17,5%), o direitista Éric Zemmour, com 8,5%, e Valérie Pécresse, de centro-direita, com 8%.
E desta vez, ao contrário de 2017, as simulações de segundo turno feitas antes do primeiro indicam que Macron está ameaçado: a pesquisa do Elabe mostrou o presidente com 51% da preferência do eleitorado e Le Pen, com 49% - novamente, empate técnico.
Acertos de Le Pen e erros de Macron
Analistas são unânimes em apontar que a candidata direitista está conseguindo atrair eleitores mais ao centro porque atenuou sua agenda anti-imigração e anti-União Europeia – ajudou também o fato de que Zemmour tem um discurso mais agressivo nessa área.
Além disso, Le Pen focou sua campanha nos aumentos dos preços e do custo de vida, grandes fontes de desgaste para Macron.
O presidente também foi criticado por se recusar a participar de debates e parte da população francesa se revoltou com os passaportes vacinais impostos pelo governo – indignação amplificada por uma declaração de Macron, de que pretendia “irritar” os não vacinados com medidas restritivas até que decidissem se imunizar.
Outro erro foi ter demorado a entrar na campanha, já que o atual presidente priorizou nas últimas semanas a resposta à invasão russa à Ucrânia. A princípio, isso levou Macron a disparar nas pesquisas em meados de março, mas depois sua vantagem foi diminuindo.
“De certa forma, a guerra lhe serviu perfeitamente no início: seria uma espécie de não campanha, com um presidente que se mostrava supervisionando tudo, como um pai protetor”, disse Raphaël Llorca, especialista em comunicação, ao site Politico. “Mas o grande erro foi considerar que esse impulso duraria até abril.”
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