O papa Francisco viajou ontem para a ilha siciliana de Lampedusa, no sul da Itália, espécie de "porta da Europa" para os imigrantes ilegais que buscam no continente um futuro melhor, e lamentou as mortes ocorridas durante a travessia. Ele ainda denunciou a "globalização da indiferença" diante do drama da imigração ilegal.
O pontífice celebrou uma missa no local diante de cerca de 10 mil pessoas. Francisco, em sua primeira viagem como pontífice para fora de Roma, lançou uma coroa de flores ao mar em homenagem aos mortos e se reuniu com vários imigrantes hospedados em Lampedusa, que fica a 113 quilômetros do litoral da África.
Nas últimas décadas, cerca de 20 mil imigrantes morreram no mar tentando chegar à Europa.
O papa aproveitou a ocasião e pediu para "que se despertem nossas consciências e para que tragédias como as ocorridas não voltem a se repetir".
O pontífice denunciou "a crueldade que há no mundo, em nós e naqueles que no anonimato tomam decisões socioeconômicas que abrem o caminho a dramas como esse". Francisco também criticou os traficantes de seres humanos, que se aproveitam da pobreza dos imigrantes.
A morte há uma semana de sete africanos quando tentavam chegar na costa italiana amarrados na rede de um pesqueiro tunisiano, que foram cortadas pelos tripulantes, chocou o papa, que revelou ontem que o caso foi como um espinho em seu coração.
Francisco decidiu que precisava viajar para essa ilha para demonstrar sua "solidariedade e proximidade". Em sua homilia, denunciou a "globalização da indiferença", que faz com que o homem não se sinta responsável pela morte dos imigrantes que perdem a vida nas travessias buscando um futuro melhor.
Francisco disse que a sociedade atual se transformou em uma sociedade que esqueceu de "chorar pelas pessoas que morreram nos barcos no fundo no mar, pelas jovens mães que levavam seus filhos".
A Eucaristia foi celebrada em um altar construído com um velha barca e foi acompanhada inclusive por imigrantes muçulmanos.
A visita durou cerca de 12 horas. Francisco chegou, por coincidência, pouco depois que uma embarcação com 166 imigrantes ilegais desembarcou na ilha. Após jogar a coroa de flores no mar, o papa se reuniu com cerca de 50 imigrantes, entre eles mulheres e crianças, que pediram ajuda da Europa.
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