Era manhã do dia 11 de fevereiro, segunda-feira de carnaval no Brasil, quando o mundo foi surpreendido com a notícia: o papa Bento 16, há menos de oito anos à frente da Igreja Católica, renunciou ao cargo. Problemas de saúde justificaram a renúncia, a primeira em seis séculos. Um mês depois, no dia 13 de março, o anúncio do substituto também pegou muita gente de surpresa. Um argentino de nome Jorge Mario Bergoglio foi o escolhido. Começava o pontificado de Francisco, o primeiro papa jesuíta e nascido no continente americano da história.
Logo no início de seu papado, Francisco já mostrou uma de suas características mais marcantes: a simplicidade. Em sua primeira aparição pública, vestiu apenas uma batina branca, sem a clássica vestimenta papal. Na sequência, optou por residir na Casa Santa Marta, de instalações simples, ao invés de se mudar para o Palácio Apostólico. Além disso, quebrou protocolos como dispensar o carro oficial para andar de ônibus durante o conclave e pagar a própria conta no hotel em que ficou hospedado em Roma.
A humildade demonstrada através desses pequenos gestos foi expressada também no discurso do novo papa. Em seus primeiros sermões, Francisco pregou a necessidade de confissão perante Jesus Cristo, de evangelização e de proteção aos mais pobres. Essa linha de pensamento ficou mais clara em novembro, quando ele divulgou sua primeira exortação apostólica, na qual compilou as prioridades estabelecidas em oito meses de homilias, discursos e entrevistas.
No documento, o papa Francisco pede uma igreja "em saída", mais missionária, misericordiosa e atuante na defesa dos pobres e dos oprimidos. "Espero que todas as comunidades se esforcem para atuar nos meios necessários para avançar no caminho de uma conversão pastoral e missionária, que não pode deixar as coisas como estão", afirmou o papa, que também propôs que a Igreja Católica seja "mais comunicativa e aberta". O discurso menos conservador em relação ao antecessor não significa uma postura mais flexível em questões polêmicas, como a união homossexual e o aborto, aos quais afirma sua posição contrária.
Personalidade do Ano
A postura de Francisco fez com que ele fosse escolhido a "Personalidade do Ano" pela Time, uma das mais influentes revistas norte-americanas. Para a publicação, o papa "mudou o tom, a percepção e o foco de uma das maiores instituições do mundo de uma forma extraordinária."