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Crise no Paraguai

Franco quer política da boa vizinhança

Em sua primeira entrevista como presidente do Paraguai, Federico Franco, disse pretende melhorar as relações com o Brasil | Christian Rizzi/ Gazeta do Povo
Em sua primeira entrevista como presidente do Paraguai, Federico Franco, disse pretende melhorar as relações com o Brasil (Foto: Christian Rizzi/ Gazeta do Povo)

Na tentativa de desfazer a imagem antidemocrática do Paraguai após a troca de comando, o novo presidente Federico Franco, que concedeu entrevista coletiva ontem à tarde, determinou que a chancelaria do país estabeleça uma política de boa vizinhança com o Brasil para aproximar-se da presidente Dilma Roussef. "Temos a esperança de que as relações entre Paraguai e Brasil sejam absolutamente harmônicas e proporcionais, como sempre foram".

Franco ressaltou que não teme nenhum tipo de sanção comercial por parte do Brasil. Caso isso ocorra, os mais afetados serão industriais e comerciantes brasileiros radicados no país.

Na sexta-feira, logo após a deposição de do ex-bispo Fernando Lugo, a presidente Dilma Roussef criticou o processo de impeachment no Paraguai. Em entrevista concedida durante a Rio+20, ela ressaltou a possibilidade de haver sanções para países que não cumprem os princípios democráticos.

O presidente encarregou o novo chanceler paraguaio, José Félix Fernandez, de fazer contato com a presidente Dilma e líderes dos demais países vizinhos. Além do Brasil, Argentina e Venezuela fizeram críticas ácidas ao Paraguai. A mudança na presidência do Paraguai deve movimentar os bastidores políticos da próxima Cúpula do Mercosul, que será realizada na quinta-feira em Mendonza, na Argentina. Franco não deve comparecer ao encontro porque disse que sua prioridade é organizar o governo.

Golpe

Em relação à União das Nações Sul-Americanas (Unasul), que classificou a troca de comando no Paraguai como uma ameaça à ruptura democrática, Franco disse que o Paraguai terá argumentos para desfazer essa impressão. Para ele, a Unasul irá compreender a situação. O presidente assegurou que não houve golpe de estado e nem desrespeito às leis constitucionais.

Ele também disse que a situação do país não é fácil e reconhece os inconvenientes criados com a comunidade internacional, mas reafirma que não houve golpe nem desrespeito à constituição. "É uma situação legal que a constituição e as leis do meu país permitem", reforça.

Segurança no campo

Franco ressaltou que Itaipu é apenas um exemplo da boa relação bilateral entre os dois países e da amizade entre os dois povos. Ele ainda não definiu o nome do novo presidente paraguaio da hidrelétrica.

O novo presidente disse que os cidadãos paraguaios de origem brasileira radicados no país terão um tratamento preferencial. Ele lembrou que o governo Lugo, que assumiu o país em 2008 com apoio dele, na vice-presidência, foi o que mais contribuiu para regularizar a situação legal dos brasileiros no Paraguai. Tambem anunciou que irá acelerar a política de radicação e naturalização dos imigrantes brasileiros. "As propriedades dos cidadãos radicados no Paraguai estarão absolutamente seguras", afirma. Franco assegurou que ele e o partido terão um respeito irrestrito aos agricultores.

Franco assumiu o governo em uma sessão convocada 25 minutos apos o impeachment de Fernando Lugo. Dos 45 senadores, 39 votaram a favor da destituição de Lugo. A rapidez do processo, feito em 24 horas, foi o ponto mais criticado pela oposição paraguaia e outros países.

Assunção vive "ressaca" do impeachment

Folhapress

Indignação e incredulidade. Esses eram os sentimentos predominantes na capital do Paraguai, Assunção, que acordou ontem com a ressaca da destituição do presidente Fernando Lugo. Poucas pessoas saíram às ruas.A praça em frente ao Congresso, que ontem estava lotada, pela manhã só tinha garis varrendo a sujeira da manifestação da véspera.

Na feira que acontece todos os sábados na mesma praça, os comerciantes diziam que o movimento estava fraco em comparação a outros finais de semana.

Nelson Gonçalves, 40, feirante, criticou o Parlamento: "Eles não são deuses que podem decidir o nosso futuro. O povo pensa completamente diferente. Não vamos reconhecer esse governo, ele não representa o nosso povo".

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