Federico Franco, presidente do Paraguai, disse nesta terça-feira (14) que planeja realizar um referendo nas eleições de abril de 2013 sobre a continuidade do país no Mercosul.
"Podemos fazer um referendo e perguntar às pessoas, nas eleições de abril do ano que vem, o que elas querem. A pergunta seria: Pode o governo de um ano tomar uma decisão tão drástica como a de retirar o Paraguai do Mercosul ou é melhor aguentar e esperar as condições necessárias para que o próximo governo decida?", questionou Franco em entrevista à rádio 970 AM de Assunção.
"Não vou tomar nenhuma decisão que possa ser prejudicial ao país e que agrade uma ou duas pessoas. Minha decisão sempre será tomada para o benefício dos habitantes do Paraguai", disse Franco.
O Paraguai foi suspenso recentemente do Mercosul e da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) após o impeachment de Fernando Lugo da Presidência, em junho. As duas organizações consideraram que o processo que levou à destituição sumária do ex-presidente não permitiu sua ampla defesa.
Ontem, a Unasul iniciou uma reunião em Lima para analisar a situação do Paraguai no bloco.
Polêmicas
Nos últimos dias, Franco tem dado declarações polêmicas sobre o país. No dia 8 de agosto, disse que pretendia rever o acordo energético feito com o Brasil em relação à usina de Itaipu.
Para ele, o Paraguai estava "cedendo" e não "vendendo" energia ao Brasil, algo que colocava em risco a soberania do país. O mandatário anunciou ainda que enviaria, até dezembro, um projeto de lei ao Congresso para que o próximo governo não vendesse mais sua energia excedente para países vizinhos.
Pelo acordo, o Brasil tem a preferência na compra da energia excedente -o Paraguai consome apenas 5% do que lhe corresponde na geração de Itaipu. A usina é responsável por 20% da energia consumida no Brasil.
O porta-voz da Chancelaria brasileira, Tovar Nunes, respondeu à declaração dizendo que a distribuição energética de Itaipu está sujeita a um acordo binacional. "A geração de energia em Itaipu, a distribuição e os preços são fruto de um acordo bilateral que está em vigor", afirmou.
"A energia que o Paraguai não consome passa para o Brasil, mas com um pagamento, não existe cessão de energia (...). O Brasil não consegue a energia de Itaipu gratuitamente", disse Nunes, ao lembrar que em 2011 entrou em vigor uma revisão do acordo que triplicou de 120 para 360 milhões de dólares o pagamento anual do Brasil pela energia à qual o Paraguai tem direito e não consome.
Mais tarde, Franco voltou a afirmar que sua decisão "não tinha volta": "Somos donos de 50% da energia em Itaipu. Não vamos usar nossas dez turbinas da noite para o dia, mas vamos preparar o envio dessa energia para os polos de desenvolvimento no Paraguai", disse.
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