Para o professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Central da Venezuela Carlos Romero, a recaída do presidente Hugo Chávez favorece mais os chavistas que a oposição às vésperas das eleições para governadores, que ocorrem no próximo domingo.
O senhor ficou surpreso pelo anúncio de Chávez em relação a Maduro?
Eu era dos que achavam que o presidente escolheria Diosdado Cabello (presidente da Assembleia Nacional). Cabello tem mais poder e controla as Forças Armadas. Evidentemente, teve mais peso o respaldo de Fidel Castro a Nicolás Maduro.
Quais são os possíveis cenários políticos a partir de agora?
Se Chávez piorar muito, Cabello assumiria o governo e convocaria eleições em 30 dias. Se o presidente for empossado, em janeiro, e depois enfrentar problemas graves de saúde, o governo ficaria com Maduro, que deveria convocar eleições. Mas não podemos descartar que Chávez saia bem da cirurgia e continue no comando. O presidente é um paciente grave, mas não terminal. Tudo dependerá da cirurgia, que é delicada.
Como o senhor analisa o anúncio da noite de sábado?
Alguns analistas dizem que Chávez veio para nomear seu sucessor. Outros, com os quais coincido, pensam que o presidente veio, principalmente, fazer campanha para seus candidatos nas eleições de domingo, e, em segundo lugar, deixar clara sua preferência em relação a Maduro. E deu certo, porque o anúncio foi um xeque-mate para a oposição. Depois de uma campanha opositora desastrosa, o novo problema de saúde de Chávez aumentará ainda mais o grau de abstenção dos eleitores, principalmente dos antichavistas.
A derrota de Capriles em outubro abriu uma crise na oposição?
Sim, neste momento, a oposição só tem a vitória garantida no estado de Mérida. A oposição não soube manter a unidade depois da eleição presidencial.
Um resultado ruim para a oposição a enfraqueceria numa eventual eleição presidencial em 2013...
Exato. Neste momento, o chavismo está muito melhor posicionado e a recaída de Chávez acentuou ainda mais as fraquezas opositoras.