Uma fraude de US$ 50 bilhões causada pelo ex-presidente da bolsa de tecnologia Nasdaq Bernard Madoff levou algumas entidades beneficentes do mundo todo a fecharem suas portas, e deixou diversas outras com enormes prejuízos.
A repercussão do escândalo foi muito além da milionária fundação mantida por Madoff, que dava dinheiro para hospitais e teatros. Ele afeta, direta ou indiretamente, muitas outras entidades beneficentes, de todos os tamanhos, e também os ricos investidores judeus aos quais Madoff dava dicas.
As acusações contra um dos executivos mais conhecidos de Wall Street ocorre num momento em que muitas entidades enfrentam perda de receitas, devido à crise financeira global, e aumento da demanda por seus serviços, por causa da recessão que já dura um ano nos EUA.
"Já vimos essas irregularidades acontecerem às vezes, e ela afeta as verbas das fundações. Mas trabalho aqui há dez anos e nunca vi uma situação em que as organizações simplesmente desaparecessem", disse Michael Nilsen, diretor-associado da Associação dos Arrecadadores Profissionais.
Promotores e agências reguladoras dos EUA acusam Madoff, de 70 anos, de realizar a fraude por meio de uma consultoria de investimentos. Bancos e fundos do mundo inteiro revelaram na segunda-feira que haviam investido bilhões de dólares com ele.
Até segunda-feira, pelo menos três fundações haviam fechado ou planejavam fechar, e outra pode ser obrigada a isso.
A Fundação Jeht, que apóia a reforma do Judiciário e das instituições para menores infratores, terá de descontinuar suas atividades até janeiro porque seus patrocinadores, Jeanne Levy-Church e Kenneth Levy-Church, tinham investimentos com Madoff.
Em Nova York, a ONG Centro Filoctetes para o Estudo Multidisciplinar da Imaginação perdeu todas as suas verbas, disse seu diretor Francis Levy à Reuters. A entidade, que promove inovações, também deve fechar.
A Fundação Familiar Chais, que destina anualmente cerca de US$ 12,5 milhões para causas judaicas, especialmente em Israel e na ex-União Soviética, foi outra que encerrou suas atividades, demitindo os cinco funcionários.
"O fundo inteiro estava investido por intermédio do sr. Madoff, e por causa disso o fundo foi completamente obliterado (destruído)", disse à Reuters o presidente da entidade, Avraham Infeld, falando por celular de Jerusalém, onde fica a sede da entidade.
"Acho a imoralidade desse homem quase tão grande quanto a generosidade da Chais", acrescentou.
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