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O presidente Barack Obama durante entrevista a jornalistas logo após reconhecer a derrota: reformas ameaçadas | Kevin Lamarque/Reuters
O presidente Barack Obama durante entrevista a jornalistas logo após reconhecer a derrota: reformas ameaçadas| Foto: Kevin Lamarque/Reuters

Desafio

Os problemas que o governo Obama terá de enfrentar sem maioria na Câmara e nos estados:

Cortes de gastos- A liderança republicana colocou como prioridade o corte de gastos. Painel bipartidário deveria publicar relatório no dia 1º de dezembro sobre como lidar com o déficit orçamentário, de US$ 1,3 trilhão para o ano fiscal 2010. Mas é incerto que alcancem consenso.

Impostos- Expiram em 31 de dezembro os cortes de impostos da era Bush. Os democratas querem um aumento da tributação de rendas acima de US$ 250 mil, mas os republicanos querem manteras atuais faixas.

Desemprego- Republicanos já expressaram oposição ao plano de estímulo democrata para reduzir o desemprego, com investimento de US$ 50 bilhões em seis anos.

Gays nas Forças Armadas- Obama defende que o Congresso derrube a chamada política "don’t ask, don’t tell" (não pergunte, não conte), mas os republicanos e os conservadores, bem como alguns comandantes militares, são contra.

Imigração- Uma das principais promessas da campanha de Obama, a reforma imigratória, oposta por republicanos, deve acabar engavetada.

Afeganistão- Uma Câmara mais republicana pode pressionar o presidente a retardar seus planos de retirada do Afeganistão, prevista para julho.

Reforma da Saúde- Novo presidente da Câmara disse que quer reverter a reforma de saúde, que qualificou de "monstruosidade", e substituí-la por outro pacote de medidas.

Aquecimento global- Obama já anunciou que vai buscar alternativas a sua proposta de limitar a emissão de gases de efeito estufa, a qual os republicanos se opunham.

Fonte: Folhapress

"Precisamos trabalhar mais"

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, admitiu ontem que a frustração do eleitorado norte-americano com o ritmo lento da recuperação econômi­­ca permitiu aos republicanos tomarem o controle da Câmara dos Re­­­­­­presentantes nas eleições de on­­tem.

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Entrevista: Obama enfrentará dias difíceis

Moisés Marques, coordenador do Curso de Relações Internacionais da Faculdade Santa Marcelina (Fasm)

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Washington - Dois anos após a oposição ter morte decretada por ao menos uma década, uma maré republicana e conservadora varreu os EUA nas eleições ao Congresso, anunciando o fim da era das grandes re­­formas da Casa Branca. Pelos últimos dados, republicanos conquistaram ontem ao menos 60 ca­­deiras extras na Câmara.

As projeções são para o maior ganho desde 1948. No Senado, os republicanos já tinham confirmado 46 senadores (52 democratas). A contagem ainda continuava on­­tem à noite. O resultado na Câ­­ma­­ra foi pior para os democratas do que a "Re­­volução Repu­­blicana" de 1994, quando o partido retomou maioria no Congresso.

A manutenção de maioria ínfima no Senado evitou porém a repetição do desastre que o voto há 16 anos representou para democratas. Os números impõem um enorme desafio ao presidente Ba­­rack Obama. Sem controle do Congres­­so, a expectativa é de os dois últimos anos de mandato vi­­verem em impasse.

Nos últimos dois anos, foram aprovadas reformas como a do sistema de saúde, a do sistema financeiro e os pacotes quase trilionários de estímulo econômico. Mas como benefícios almejados não chegaram ao eleitorado, o que fi­­cou foi um gosto de "intromissão'' do governo na vida dos cidadãos, como o próprio Obama admitiu (veja abaixo detalhes da entrevista do presidente).

Planos que Obama ainda não cumpriu – a reforma migratória; fechar a prisão de Guantánamo (Cuba); aumentar impostos para os mais ricos; voltar a gastar para estimular a economia – correm sério risco de ser engavetados. E há a ameaça de a reforma da saúde ser repelida. Política externa será um problema à parte, com propostas disparatadas sobre como (e se) cortar o Orçamento da Defesa e pro­­vável oposição dos conservadores a es­­forços que cheirem a re­­cons­­trução no exterior, como nas ações no Afeganistão.

Da reforma energética para lidar com o aquecimento global, Obama desistiu oficialmente. Disse que perdeu ontem os poucos votos com os quais poderia contar.

Extremos

Analistas afirmam que os instintos de Obama o guiarão mais para o centro, e ele exortou cooperação ontem. Mas, nos EUA, um Con­­gresso dividido não costuma ir ao centro, e sim emperrar a discussão. E a divisão entre os partidos só aumentou com a eleição. "Prevejo paralisação total, mas vai depender do equilíbrio entre republicanos que querem fazer algo e os que querem ‘fazer pose’ para 2012", disse o analista Clyde Wilcox, da universidade George­­town.

Sarah Binder, do instituto Bro­­okings, também prevê que pouco será acordado até 2012 além de talvez manter cortes de impostos para os mais ricos (que expiram em dezembro) e financiar o governo.

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