Uma misteriosa freira da França que se curou do mal de Parkinson após rezar para o papa João Paulo II, morto em 2005, será a principal convidada das cerimônias a serem realizadas na próxima semana marcando o fim da primeira fase do processo iniciado para transformá-lo em santo.
Mas a identidade dela pode ser mantida em segredo para sempre, caso ela não se decida vir a público.
Na próxima segunda-feira, no aniversário de dois anos da morte de João Paulo II, a diocese de Roma entregará oficialmente ao Vaticano dezenas de milhares de páginas de documentos e transcrições defendendo que o papa seja beatificado, o último passo antes da canonização.
Entre os documentos, há papéis referentes ao caso da freira francesa que sofria do mal de Parkinson, doença que atingia também João Paulo II, até a enfermidade desaparecer inexplicavelmente, em 2 de junho de 2005. A religiosa foi submetida a perícia caligráfica .
- A freira participará das cerimônias em Roma e no Vaticano, no dia 2 de abril, ao lado de milhares de outras freiras - afirmou na terça-feira, a repórteres, o monsenhor Slawomir Oder, encarregado do processo de beatificação do papa.
Na segunda-feira da próxima semana, o papa Bento XVI celebrará uma missa solene no Vaticano a fim de lembrar seu antecessor.
Antes dos eventos papais, um bispo de algum lugar da França revelará que foi em sua diocese que o "milagre" aconteceu. Mas não deve divulgar o nome da freira envolvida.
A freira, cuja identidade é conhecida por apenas alguns clérigos e médicos, escreveu um artigo anônimo relatando suas experiências. O artigo foi publicado em uma revista da Igreja Católica da Itália.
- Eu estava perdendo peso dia a dia. Eu não conseguia mais escrever e, se eu tentasse fazê-lo, era difícil ler o que havia escrito. Eu não conseguia mais dirigir porque minha perna estava dura - contou a freira.
Ela descreve então como, ao lado de outras freiras da comunidade religiosa à qual pertence, orou para o papa pedindo uma cura.
No dia 2 de junho de 2005, exatos dois meses depois da morte do papa, a freira contou ter sentido uma vontade repentina de escrever.
- Minha caligrafia estava completamente legível. Eu não tinha mais dores no corpo e nem rigidez. Eu fui tomada por uma profunda sensação de paz - escreveu.
O neurologista dela e outros médicos e fisiologistas que a examinaram mais tarde não conseguiam explicar o caso do ponto de vista científico. Os médicos já haviam diagnosticado o mal de Parkinson nela.
Se os especialistas e médicos do Vaticano concordarem com o fato de que a cura da freira foi um milagre, algo que, segundo pessoas próximas da Igreja, é provável, o papa Bento XVI poderá então beatificar João Paulo II.
Pelas regras da Igreja Católica, seria necessário mais um milagre para que a beatificação converta-se em canonização, fazendo do antigo papa um santo.
Mas, como líder supremo dos católicos, Bento XVI pode decidir-se por abrir mão da beatificação e declarar a canonização diretamente.
Em maio de 2005, o atual papa deu início a um processo rápido para garantir a santificação de João Paulo II, abrindo mão da norma segundo a qual seria necessário esperar cinco anos depois da morte de alguém para iniciar o procedimento de beatificação dessa pessoa.
Muitos católicos estão convencidos da santidade de João Paulo II. O grande número de pessoas reunido no funeral dele cantou: "Santo Subito" (façam dele um santo imediatamente).
No entanto, Oder, que é polonês como o antigo papa, afirmou prever que o processo avance segundo ditam as regras.
Oder contou que a Igreja já recebeu inúmeros relatos de pessoas que disseram ter sido curadas, a maior parte delas de câncer, após rezar para João.