Se for eleito para um segundo mandato, o ex-presidente Tabaré Vázquez será beneficiado pela composição do Congresso uruguaio definida no último domingo. A Frente Ampla, à qual pertencem o candidato e o atual presidente José Mujica, obteve 50 das 99 cadeiras da Câmara de Deputados e 15 dos 30 assentos do Senado. Apesar do empate numérico com a oposição, a coalizão garantiria vantagem em um governo Vázquez porque o vice será o presidente do Senado e terá voto de minerva.
O mesmo recurso poderá ser usado por Luis Lacalle Pou se conquistar a Presidência em 30 de novembro. Ele, porém, terá de formar maioria com outros partidos. Além dos colorados, que já lhe deram apoio no segundo turno, ele terá também que negociar com o Partido Independente, que negocia o apoio a um dos candidatos.
Na Câmara, porém, Lacalle Pou precisaria contar com a mudança de lado de alguns dos deputados da Frente Ampla para aprovar seus projetos ou derrubar medidas como a legalização do aborto e da maconha. Se não vencer, o candidato do Partido Nacional assumirá uma cadeira no Senado.
Sobre o segundo turno, nenhum analista do Uruguai se atreve a antecipar o resultado. "A situação de 1999 poderia se repetir, ou não, ninguém sabe. Amanhã começa uma nova partida", disse a analista política Mariana Pomies, da empresa de consultoria Cifra.
Maioridade penal
Ainda nas eleições de domingo passado, a maioria dos eleitores do Uruguai rejeitou a redução da maioridade penal no país de 18 para 16 anos para criminosos que cometem delitos graves.
Segundo a Corte Eleitoral uruguaia, 46,99% dos eleitores votaram pela mudança, que aconteceu junto com a escolha do sucessor do presidente José Mujica e dos membros do Congresso. A proposta só seria aprovada se mais de 50% dos eleitores colocassem na urna a cédula do "sim".