As palavras "fiasco", "fracasso" e "desastre" se alternaram na boca dos principais líderes mundiais para definir o resultado da 15.ª Conferência das Partes sobre Clima (COP15), encerrada na sexta-feira passada. Porém o ministro do meio ambiente sueco, Andreas Calgren, cujo país ocupa a presidência de turno da União Europeia (UE), lembrou na última terça-feira que há lições a serem aprendidas com a reunião em Copenhague. Embora o acordo dos sonhos não tenha se tornado realidade, a COP15 concretou as bases do caminho que as negociações deverão percorrer até o almejado acordo, que definirá as ações globais de combate ao efeito estufa.Rumo ao México
Os grupos de negociação já começaram a rever posições e estratégias visando maiores avanços na próxima reunião do Clima, a ser realizada em dezembro de 2010, no México. Antes disso, os subgrupos formados em Copenhague (Anexo 1, Basic) continuam a negociar em paralelo.
"Os Estados Unidos estão se articulando para redigir um novo protocolo. E a União Europeia está mudando a postura e passando a apostar em países como o Brasil", enumera Paulo de Tarso de Lara Pires, professor de Direito Florestal da UFPR.
O esforço em colocar no papel uma meta financeira para os países (US$ 100 milhões para programas de auxílio até 2020) deve impulsionar a adoção de regras claras para o uso deste dinheiro. "Estabelecer a captação e destinação de recursos é um dos maiores desafios a ser superados", afirma Lara Pires.
Desmatamento
As delegações dos países foram unânimes em afirmar que a ferramenta REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação) foi o ponto que mais avançou durante a Conferência. A REDD define pagamentos a países em desenvolvimento que preservem suas florestas. Na COP15, a ferramenta foi implantada efetivamente, e passa a ser o mecanismo para auxílio à conservação da biodiversidade.
Vários projetos pilotos em REDD foram bem-sucedidos, e a confiança no sucesso do modelo impulsionou as negociações para um pré-acordo satisfatório.
Verde no palanque
A COP15 foi a maior reunião de poder político já realizada em tempos de paz. No último dia da cúpula, 25 líderes de países desenvolvidos, emergentes e em desenvolvimento lideravam as discussões que poderiam definir metas para as 193 nações participantes.
"A partir de agora, a questão ambiental vai para o centro da discussão política. Na campanha eleitoral do ano que vem, o grande tema a ser discutido será a sustentabilidade do país", avalia o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), integrante da representação parlamentar brasileira em Copenhague.
Antes presente apenas no conteúdo programático de alguns partidos e candidatos, a competência ambiental passará a ser uma exigência do eleitorado. "[Os pré-candidatos à Presidência] José Serra, Dilma Roussef e Marina Silva não estavam em Copenhague por acaso", afirma Rocha Loures.
A Terra é pop
A preocupação com o clima deixou de ser uma bandeira exclusiva de grupos ativistas e se expande como preocupação social. O discurso ambientalista se popularizou na forma de produtos, atitudes e mensagens verdes.
No livro "Ética e Educação Ambiental: A conexão necessária" (Ed. Papirus), Mauro Grün, professor do Centro Universitário La Salle (RS), afirma: "A adição do predicado "ambiental" que a educação se vê agora forçada a fazer explicita uma crise da cultura ocidental. A educação ambiental é, a meu ver, antes de mais nada, um sintoma desta crise".
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