Navio romeno tenta quebrar gelo no Rio Danúbio, principal via comercial navegável da Europa| Foto: Bogdan Cristel/Reuters

Aquecimento

Cresce a disputa por energia

A onda de frio europeu obrigou governos a rever suas políticas energéticas e reabriu disputas diplomáticas entre países. Berlim decidiu religar oito usinas nucleares, depois de a chanceler Angela Merkel ter anunciado no ano passado que a Alemanha estava abandonando a energia atômica.

Sem a matriz nuclear em total operação, empresas alemãs de energia alertaram que poderiam ter problemas. As usinas foram acionadas como prevenção.

O frio fez o consumo de energia bater recordes em países como França, Espanha e Suíça. Na Bulgária, mais de 130 cidades ficaram sem energia nesta semana e o Exército foi escalado para distribuir alimentos.

O frio ainda evidenciou mais uma vez a dependência europeia em relação ao gás da Rússia. No início da semana, a empresa russa Gazprom anunciou que havia reduzido em um terço o envio de gás para a Europa, já que precisaria atender sua própria população.

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O Rio Danúbio congelado por centenas de quilômetros, milhares de pessoas isoladas pela neve, e um registro de 590 mortes. O frio glacial persiste na Europa e a previsão é de mais nevascas neste fim de semana.

O tráfego fluvial no Danúbio foi interrompido devido ao gelo que se estende pela Áustria, Hun­­gria, Croácia, Sérvia e Bulgária, paralisando as atividades na principal via comercial navegável da Europa. Nos 588 km do rio na Sérvia, os blocos de gelo co­­brem até 100% da superfície com uma espessura de até 50 cm. As autoridades estimam que a navegação só poderá ser retomada depois de dez dias.

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Em todo o continente, particularmente no leste, o frio continua a matar. Na manhã ontem foram confirmados 590 mortos. Na Ucrânia, onde as temperaturas podem chegar a 30 graus ne­­gativos no fim de semana, as au­­toridades suspenderam novos registros diários sem explicação. Mas, até terça-feira, quando foi divulgado o último número de vítimas oficial, esse era o país da Europa mais afetado, com 135 mortes.

Na Polônia, o frio fez mais cinco novas vítimas, elevando para 82 o total de mortos desde o início da onda de frio, sem contar com as pessoas mortas sufocadas com monóxido de carbono ou em incêndios causados por sistemas de aquecimento defeituosos.

Na Rússia, 11 pessoas morreram desde o início do mês em Moscou em incêndios provocados pela utilização de aquecedores com defeito. Em todo o país, o frio matou 46 pessoas desde o início de fevereiro.

As mortes aumentaram em vários outros países. A Bulgária, que registrou 30 mortos em 10 dias e todas as escolas continuam fechadas, anunciou que vai in­­terromper sua exportação de eletricidade para Grécia, Sérvia, Macedônia e Turquia, pois precisa de toda a sua capacidade para abastecer o próprio país.

Na Itália, como previsto, a ne­­ve voltou ontem, moderada, mas provocando desespero, depois de uma tempestade de neve e temperaturas glaciais que fizeram pelo menos 45 mortos em dez dias. Em Roma é esperado 30 cm de neve. As autoridades se prepararam e distribuíram 4 mil pás, posicionaram 600 caminhões limpa-neve nas principais estradas e mil toneladas de sal.

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