Quem passa pela Ponte Simón Bolívar jamais poderia imaginar que Colômbia e Venezuela estão à beira de uma guerra. O comércio pode ter diminuído na fronteira, mas o movimento de carros, motos e pessoas continua incessante, levando gasolina venezuelana para um lado, batatas colombianas para o outro, no principal ponto de ligação entre os dois países.
Na praça da Fraternidade, bem perto da ponte, alguns venezuelanos e suas vacas aproveitam a sombra. Milhares de pessoas, muitas delas com amigos e parentes em ambos os lados, cruzam a fronteira a cada dia.
"Olhe ao seu redor. Vivemos deles, e eles vivem de nós. Então toda essa conversa de guerra é loucura", disse Janeth Morena, dona de um supermercado em San Antonio, no lado venezuelano.
Mas, por trás do burburinho, há uma profunda ansiedade por causa das acusações de espionagem, os incidentes violentos e os movimentos militares que agravaram os atritos entre dois governos ideologicamente díspares.
A prolongada disputa diplomática assumiu ares mais perigosos no fim de semana, quando o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, conclamou seu Exército e seu povo a se "prepararem para a guerra". A Colômbia reagiu dizendo-se ameaçada e levando o caso ao Conselho de Segurança da ONU.
Chávez depois se disse surpreso com a polêmica, afirmou ser pacifista e garantiu que estava apenas alertando para a necessidade de o país se defender contra o risco causado pelo recente acordo militar que autoriza os EUA a usarem sete bases militares da Colômbia.
Por se opor a esse acordo, Chávez congelou as relações diplomáticas com Bogotá e determinou uma redução no importante comércio bilateral. Isso pode ser sentido diretamente na quente e montanhosa região de fronteira.
Moradores dizem que, apesar do nível ainda frenético de atividade, o comércio entre San Antonio e a cidade colombiana de Cúcuta diminuiu para menos da metade nas últimas semanas. "O movimento caiu cerca de 70 por cento por causa disso tudo", disse Morena no seu supermercado.
Grande parte do comércio bilateral de 7 bilhões de dólares por ano passa sobre a ponte Simón Bolívar, mas agora a Venezuela está adotando obstáculos burocráticos para reduzir o fluxo de importações da Colômbia, segundo os comerciantes.
Poucos anteveem uma guerra, mas a perda de postos de trabalho em San Antonio e Cúcuta já causa raiva e ansiedade.
Parte desse sentimento é dirigido contra os soldados da Guarda Nacional venezuelana, que estariam pedindo propinas e perturbando as pessoas para se aproveitar da situação.
A Venezuela intensificou as manobras ao longo dos 2.000 quilômetros de fronteira com a Colômbia, e diz estar enviando milhares de soldados. Moradores e autoridades afirmam que houve reforços também do outro lado.
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