Beit Jala, Cisjordânia - A ocupação israelense, o marasmo econômico e a falta de uma perspectiva de paz provocam desde a segunda Intifada de 2000 um forte êxodo de palestinos cristãos da Cisjordânia e de Gaza. O fato preocupa o Papa Bento XVI, que começa amanhã uma viagem pelo Oriente Médio, com passagem marcada nos territórios palestinos.

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"Muitas pessoas partiram", diz Feriel Majluf, uma católica que vive em Beit Jala, cidade de 17.500 habitantes, localizada próxima a Belém. "Meu filho está na Austrália; minha filha, nos Estados Unidos; minha cunhada, no Canadá", enumera ela.

Com a viagem, o Sumo Pontífice quer levar seu apoio aos cristãos da Terra Santa. "Esperamos impedir a emigração cristã", declarou monsenhor Fuad Twal, patriarca latino de Jerusalém em declarações à revista católica Terrasanta. Segundo o patriarca, os cristãos representam 2% da população, quando em 1970 chegavam a 3%.

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"A quantidade de cristãos é, segundo as estimativas mais favoráveis, de 50 mil nos territórios palestinos", explica Bernard Sabella, professor de Sociologia da Universidade de Belém, e se dividem entre 52% de ortodoxos e 30% de católicos.

O auge do êxodo ocorreu entre 2000 e 2002, durante os primeiros, e mais violentos, anos da Intifada. Os palestinos consideram o muro de separação e a colonização israelense os fatores responsáveis por esta tendência. A "barreira de segurança", segundo os palestinos, apresentada por Israel como um "cerco antiterrorista", asfixia a Cisjordânia ao passar por pelo menos 8% do território, e a separa de Jerusalém Oriental, anexada em 1967.

"Os problemas econômicos são os piores", afirma Marie Jahchan, diretora do clube ortodoxo de Beit Jala. "As pessoas já não podem trabalhar em Israel, que recorre agora à mão de obra estrangeira", disse. "Estamos em uma grande prisão", queixa-se. O êxodo não afeta apenas os cristãos, e sim toda a classe média palestina, urbana e educada, afirma Bernard Sabella, outra moradora.