Desastre
O terremoto e tsunami de março de 2011 provocaram na central de Fukushima Daiichi o pior acidente nuclear desde o de Chernobyl (na Ucrânia) em 1986. As emissões e vazamentos radioativos resultantes ainda mantêm evacuadas cerca de 50 mil pessoas que viviam junto à usina e afetaram gravemente a agricultura, a pecuária e a pesca locais. A cada dia, cerca de 300 toneladas de água contaminada vão parar no mar. Esse é o maior desafio da Tepco.
Os responsáveis da usina nuclear japonesa de Fukushima se mostraram ontem confiantes de que a construção de um "muro de gelo" subterrâneo permitirá controlar os vazamentos de água radioativa, um custoso e inovador projeto que despertou dúvidas entre os especialistas.
"É uma medida chave para solucionar o problema dos vazamentos, e estamos convencidos de que funcionará", afirmou o diretor da usina, Akira Ono, ao apresentar o projeto a um grupo de jornalistas convidados a visitar os trabalhos na acidentada central.
A proprietária da usina, Tokyo Electric Power Company (Tepco), vai investir num sistema sem precedentes, cujo custo chega a 31,9 bilhões de ienes (230 milhões de euros) mais 1 bilhão de ienes (7 milhões de euros) de manutenção anual, financiados pelo Estado japonês.
O projeto consiste em instalar encanamentos a uma profundidade de até 30 metros sob a terra pelas quais será injetado um refrigerador a uma temperatura de 40 graus negativos, o que resultará em um congelamento dos aquíferos subterrâneos em contato com as canalizações.
Assim será criada uma rede subterrânea de barras de gelo com uma longitude de 1,5 quilômetros em torno dos reatores 1 a 4 da central, que deveria evitar que a água dos aquíferos penetre até o interior dos edifícios.
Nas obras, cuja finalização é prevista para 2020, trabalham mil empregados em duras condições, devido à necessidade de usar traje antirradiação, óculos protetores e máscara enquanto operam maquinaria pesada com temperaturas que superam os 30 graus e uma elevada umidade ambiental.
"Estamos provando métodos muito inovadores que constituem um desafio para os engenheiros", destacou Ono, que disse que o "muro" de água gelada "não resolverá por si só" o problema dos vazamentos e deverá ser acompanhado de "outras medidas".