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Um alto funcionário da agência governamental americana Institutos Nacionais da Saúde (NIH, na sigla em inglês) admitiu em uma carta enviada na quarta-feira (20) a um congressista do país que dinheiro público dos Estados Unidos financiou pesquisas de ganho de função sobre coronavírus de morcegos em Wuhan, China, e revelou que a EcoHealth Alliance, organização sem fins lucrativos dos EUA que canalizou dinheiro do NIH para o Instituto de Virologia de Wuhan, não foi transparente sobre o trabalho que estava realizando.
As pesquisas de ganho de função consistem na extração de vírus de animais e engenharia artificial deles em laboratório para torná-los mais transmissíveis ou mortais aos humanos.
Na carta enviada ao deputado James Comer (do Partido Republicano do Kentucky), Lawrence A. Tabak, do NIH, citou um “experimento limitado” que foi realizado para testar se “proteínas spike de coronavírus de morcego de ocorrência natural que circulam na China eram capazes de se ligar ao receptor ACE2 humano em um camundongo cobaia”. Os ratos de laboratório infectados com o vírus de morcego modificado “ficaram mais doentes” do que os infectados com o não modificado.
A revelação dá argumentos ao senador republicano Rand Paul, que teve discussões acaloradas com o diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (Niaid, na sigla em inglês), Anthony Fauci, durante depoimentos em maio e julho perante o Congresso americano sobre pesquisas de ganho de função. Na segunda audiência, Paul acusou Fauci de enganar o Congresso ao negar que os Estados Unidos haviam financiado projetos de ganho de função no Instituto de Virologia de Wuhan.
Condizente com a recusa de Fauci em falar “ganho de função”, Tabak evitou o termo na carta, embora o trabalho que descreveu corresponda precisamente à sua definição.
Uma solicitação de financiamento apresentada pela EcoHealth ao Niaid, revelada pelo The Intercept, já havia exposto que US$ 599 mil do total direcionado para o Instituto de Virologia de Wuhan foram para pesquisas destinadas a tornar vírus mais perigosos e/ou infecciosos.
Richard Ebright, especialista em biossegurança e professor de química e bioquímica na Rutgers University, já havia classificado a afirmação de Fauci de que o NIH “nunca financiou e não financia pesquisas de ganho de função no Instituto de Virologia de Wuhan” como “comprovadamente falsa”.
Ebright disse ao National Review que o trabalho financiado pelo NIH no Instituto de Wuhan “corresponde” à definição de pesquisa de ganho de função, que lida com “potencial aprimorado de patógeno pandêmico (PPP)” ou patógenos “resultantes do aumento da transmissibilidade e/ou virulência de um patógeno”.
Além de admitir que a pesquisa de ganho de função foi conduzida com dinheiro do NIH, Tabak também revelou que a EcoHealth não cumpriu com o compromisso de relatar determinadas situações, assumido quando da concessão do financiamento.
A EcoHealth foi solicitada a passar por uma “revisão secundária” caso certos desenvolvimentos aumentassem o perigo associado à pesquisa. Dessa forma, quando os pesquisadores de Wuhan ligaram com sucesso um coronavírus natural de morcego a um receptor ACE2 humano em camundongos, a organização deveria ter informado o NIH, mas não o fez.
A Eco Health recebeu prazo de cinco dias, de acordo com Tabak, para enviar ao NIH “todos e quaisquer dados não publicados” relativos ao projeto para fins de compliance.
O restante do documento traz a alegação de que os coronavírus de morcegos de ocorrência natural usados nos experimentos financiados pelo NIH de 2014 a 2018 “estão a décadas de distância da linha evolutiva do Sars-CoV-2 (causador da Covid-19)”, compartilhando apenas 96 a 97% do seu genoma.
© 2021 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.