Um dossiê preparado por Israel e compartilhado com os Estados Unidos denuncia que 12 funcionários da agência da ONU que atua dentro da Faixa de Gaza, a UNRWA, teriam participado diretamente dos ataques contra civis israelenses no dia 7 de outubro.
As acusações, que começaram a ser divulgadas na imprensa internacional na semana passada, apontam que trabalhadores da organização de ajuda humanitária no enclave palestino teriam ajudado o Hamas no sequestro de reféns, na criação de uma sala de operações e na distribuição de munições para os terroristas realizarem o massacre e continuarem com a guerra a partir do território vizinho.
O documento revela que oficiais da inteligência israelense rastrearam seis dos investigados dentro de Israel no dia 7 de outubro pelos seus celulares, enquanto outros foram monitorados no momento em que faziam chamadas de telefone dentro de Gaza durante as quais, segundo Israel, discutiam seu envolvimento no ataque.
Outros três teriam recebido mensagens ordenando que se apresentassem nos pontos de reunião no dia 7 de outubro e um foi instruído a levar granadas de propulsão armazenadas em sua casa, de acordo com o dossiê.
Israel elencou os nomes e os cargos dos funcionários da agência e as acusações individuais contra eles. Sete dos acusados seriam professores em escolas da UNRWA, instruindo os alunos em matérias como matemática e árabe. Outros dois trabalharam nas escolas em outras funções. Os três restantes foram descritos como balconista, assistente social e gerente de almoxarifado.
A ONU se manifestou na sexta-feira (26) sobre o assunto, informando sobre a demissão de diversos funcionários da agência, antes mesmo das investigações serem concluídas para confirmar ou não a atuação dos integrantes nas ações extremistas.
O caso motivou ao menos oito países, incluindo os Estados Unidos, a interromperem o financiamento à UNRWA. No domingo (28), o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou estar “horrorizado" com as acusações, comunicando que nove dos 12 funcionários envolvidos nas investigação foram afastados da organização.
Ao mesmo tempo, Guterres apelou às nações que suspenderam seus pagamentos de ajuda a reconsiderassem a situação, diante da tragédia humanitária vivenciada pelos palestinos no enclave.
O jornal americano The New York Times entrou em contato com a UNRWA solicitando um posicionamento, ocasião na qual disseram que dois dos 12 funcionários acusados estavam mortos e não forneceriam mais informações enquanto o Gabinete de Serviços de Supervisão Interna da ONU ainda estivesse investigando os episódios.
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