Um relatório divulgado em novembro pela ONG UN Watch, que fiscaliza as ações da Organização das Nações Unidas (ONU), revelou que funcionários da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) comemoraram e justificaram os ataques do grupo terrorista Hamas contra Israel, ocorridos no dia 7 outubro de 2023, que deixaram cerca de 1,2 mil mortos.
O relatório documentou 20 perfis de funcionários da UNRWA no Facebook que continham incitação ao ódio, à violência e ao genocídio contra os judeus. Entre os funcionários expostos pelo relatório estão professores, diretores de escolas, médicos, psicólogos e administradores da UNRWA, que trabalham em Gaza, na Cisjordânia, na Síria e na Jordânia.
O relatório mostrou que, logo após a notícia do massacre perpetrado pelo Hamas em Israel, os funcionários da UNRWA celebraram e elogiaram a ação em suas contas na rede social.
Um dos exemplos citados no documento é o de Mohammed A. Adwan, professor de inglês da UNRWA em Gaza, que, segundo o relatório, endossou o massacre e incitou o genocídio contra os judeus. O documento da UN Watch mostra que ele escreveu em suas redes sociais que “o que fazemos é resistência, recuperando nossos direitos e defendendo nossa terra”, uma ação que, segundo a UN Watch, visava “legitimar” todos os atos de terror perpetrados pelo Hamas em outubro.
Outro exemplo mostrado no documento é o de Iman Hassan, diretora de uma escola da UNRWA em Gaza, que justificou o massacre do Hamas no território israelense como uma espécie de “restauração de direitos” e “reparação” das “reinvindicações” palestinas.
Além de mostrar alguns dos membros da agência que justificaram os atos terroristas do Hamas, o relatório também expôs que outros funcionários da UNRWA postaram em suas redes sociais conteúdos antissemitas, tais como a negação do Holocausto, teorias da conspiração sobre judeus controlarem o mundo e a glorificação de terroristas que estão envolvidos diretamente nos ataques de outubro que vitimaram vários civis israelenses.
O relatório da UN Watch foi desenvolvido por meio de uma busca da ONG por palavras-chave relacionadas à UNRWA no Facebook. Utilizando esse método, a organização conseguiu coletar todas as publicações desses funcionários, que foram postadas de forma aberta e pública em seus respectivos perfis na rede social.
Comemorações em grupos do Telegram
Na última quarta-feira (10), a UN Watch revelou também que mais funcionários da UNRWA comemoraram os ataques terroristas do Hamas, dessa vez por meio de um grupo no aplicativo de mensagens Telegram.
No grupo, que contava com cerca de 3 mil professores vinculados à agência da ONU, a organização apontou que os participantes “elogiaram os assassinos e estupradores [do Hamas] como ‘heróis’”.
A UN Watch também afirmou que os participantes estavam compartilhando nesse grupo “fotos de israelenses mortos ou capturados e pediam a execução dos reféns”, que foram sequestrados pelos terroristas do Hamas durante os ataques de outubro.
Hillel Neuer, diretor-executivo da UN Watch, revelou por meio de sua conta no X (antigo Twitter) que um dos participantes, identificado como Waseem Ula, professor da UNRWA, pediu, em mensagens enviadas no grupo, para que israelenses fossem mortos e comemorou os ataques de outubro.
Para Neuer, a descoberta do grupo foi “o maior exemplo de incitação ao terrorismo jihadista por parte dos professores da UNRWA”.
"Todos esses atos são violações graves do Código de Conduta da ONU. Nós apelamos à ONU e aos Estados-membros para reconhecerem que a UNRWA está infestada com incitamentos ao terror”, escreveu o diretor da UN Watch no X.
Em seu relatório divulgado em novembro, a UN Watch já havia pedido para que os países que ajudam a financiar a UNRWA tomassem “medidas rigorosas” para assegurar que a agência mantenha “uma postura imparcial e livre de qualquer incitação ao preconceito ou ao terrorismo”.
Além disso, a UN Watch apelou também naquele momento para que houvesse uma investigação independente sobre a incidência de antissemitismo e terrorismo entre os funcionários da UNRWA, bem como nos materiais educacionais que são fornecidos por ela.
Segundo André Lajst, presidente-executivo da StandWithUs Brasil, uma organização que acredita na educação como forma de promover a paz, o caso é “lamentável”, mas não surpreende.
“A UNRWA tem um longo histórico de incitação ao racismo, ao preconceito e ao ódio, o que tem sido apontado continuamente há alguns anos pelas denúncias de iniciativas como a UN Watch”, disse ele.
“Essa disseminação de mensagens de ódio contra judeus e israelenses já se tornou sistemática na educação palestina, sendo até mesmo vista nos conteúdos dos livros didáticos de suas escolas. Se a educação recebida pelas crianças for sempre baseada no antissemitismo e no antissionismo, é muito difícil imaginarmos uma paz duradoura na região a longo prazo”, analisou.
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