Um grupo de 17 elementos químicos, conhecido como terras raras, deve ditar os rumos da economia mundial nos próximos anos. Eles estão nos componentes dos aparelhos eletrônicos que pululam no cotidiano e aparecem em vários processos químicos importantes para a indústria.
Hoje, as terras raras valem ouro no comércio internacional de produtos manufaturados, industrializados e de compostos químicos. Não à toa, a questão vem gerando embates entre as potências econômicas na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Os setores petrolífero, nuclear, metalúrgico e a indústria de alta tecnologia estão cada vez mais dependentes dessas substâncias, retiradas de diversas composições minerais. Elas foram batizadas com um nome considerado genérico entre os óxidos de elementos metálicos: "terras". "Raras" porque a extração é algo complexa.
A China é detentora de 36,5% de todas as reservas conhecidas no planeta. É o maior percentual entre todos os países que possuem terras raras. Uma pesquisa feita em 2011 pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês) aponta que o país asiático possui cerca de 55 milhões de toneladas de minérios de terras raras em seu território, seguido por Rússia e Cazaquistão (países da extinta União Soviética), com uma reserva estimada em 19 milhões.
Os chineses também são responsáveis por 97% da comercialização mundial dessas matérias-primas o que é considerado um "monopólio virtual" por muitos especialistas e um dos fatores principais para a questão chegar à OMC.
A controvérsia é que a China tem limitado a exploração, a produção e a exportação de produtos manufaturados e de compostos químicos.
Neste ano, foi fixado um teto de 30 milhões de toneladas mandados para o mercado externo por ano. Até 2011, o volume foi de 39 milhões. O corte de 9 milhões de toneladas afeta as indústrias de países como Estados Unidos e Japão, cuja dependência das terras raras é total.
Os elementos disprózio e térbio, para citar dois exemplos, são produzidos apenas pelos chineses. O térbio é utilizado em ligas metálicas de dispositivos eletrônicos como o iPod (o tocador de músicas da Apple), em fibras óticas e até em turbinas eólicas responsáveis pela geração de energia. O disprósio pode ser encontrado em motores de automóveis híbridos, entre outras aplicações.
"As terras raras são um dos principais insumos da cadeia produtiva da indústria da alta tecnologia. São consideradas o ouro do século 21 e, por isso, há esse embate na OMC, com os Estados Unidos, Japão e União Europeia questionando o comportamento dos chineses. O principal eixo de discussão é que a China apresenta uma tendência ainda maior de manipulação de preços no mercado, devido ao corte nas exportações", explica George Sturaro, professor de Relações Internacionais do Centro Universitário de Curitiba Unicuritiba.