Sul-africanos que vivem no interior do país fizeram filas para pegar ônibus que levavam a Pretória, onde acompanharam o velório de Nelson Mandela| Foto: Mike Hutchings/Reuters

Solenidades

Rituais seriam realizados durante a passagem de uma carreata que levaria o caixão de Mthatha até o vilarejo de Qunu. O público foi convidado a ver o cortejo. O corpo seria levado para a fazenda da família Mandela, onde ocorreriam outros rituais. Uma vigília do CNA estava prevista na Walter Sisulu University, em Mthatha, com líderes partidários e representantes do governo honrando Mandela.

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100 mil pessoas passaram pela sede do governo da África do Sul em Pretória, onde o caixão de Mandela ficou exposto de quarta a sexta-feira. A aldeia de Qunu terá um forte esquema de segurança para não permitir que estrangeiros entrem no povoado.

20 líderes internacionais deverão acompanhar o funeral de Nelson Mandela. Entre os chefes de Estado convidados para a cerimônia estão vários presidentes africanos, o príncipe Charles e o ex-presidente francês Lionel Jospin.

Corpo de Mandela deixa a base aérea de Pretória
Emocionados, milhares de sul-africanos se despediram do ex-presidente durante a semana
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Cerca de 4,5 mil pessoas, entre elas 20 líderes internacionais, assistirão ao funeral do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, que será realizado hoje em Qunu, cidade do sudeste do país, onde ele nasceu e cresceu.

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INFOGRÁFICO: Corpo de Mandela passou três dias sendo velado no Union Buildings, em Pretória

O corpo de Mandela foi transferido para uma base área após cerimônia de despedida promovida pelo partido Congresso Nacional Africano (CNA) na manhã de ontem, antes de ser transportado para o vilarejo.

Os militares entregaram o caixão de Mandela ao CNA, partido formado a partir do movimento de libertação que Mandela liderou, em uma cerimônia solene na base aérea de Waterkloof, em Pretória, que foi transmitida ao vivo por redes de televisão sul-africanas. A atividade incluiu uma celebração com ritos de várias religiões e um tributo musical a Mandela.

Enquanto isso, no aeroporto próximo ao vilarejo de Qunu, havia um burburinho de atividade, com veículos militares circundando o local em meio à expectativa sobre a chegada do corpo. O funeral começaria às 6 horas de domingo (horário local, 2 da manhã em Brasília) e o enterro às 8 horas (4 horas), informou o governo sul-africano.

Em Waterkloof, o presidente sul-africano Jacob Zuma elogiou Mandela em um relato detalhado da luta contra o domínio racista branco. Ele disse que Mandela tinha a rara capacidade de colocar a teoria em prática. Também descreveu a chegada de Mandela a Johannesburgo vindo do interior do país quando jovem, trazendo disciplina e visão para o movimento antiapartheid.

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Zuma liderou o grupo em uma música após o discurso. A cerimônia de despedida contou com a presença do ex-presidente Thabo Mbeki, da viúva Graça Machel, e da ex-mulher Winnie Madikizela-Mandela, bem como do presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta. Outros membros da família de Mandela também compareceram. O poema favorito de Mandela, "Invictus", foi impresso na parte de trás do programa da cerimônia.

O corpo do líder sul-africano foi devolvido para controle militar ainda ontem e levado para o Cabo Oriental em preparação para o funeral. O caixão de Mandela chegaria em Mthatha, no Cabo Oriental, ontem à tarde e seria recebido com uma cerimônia militar completa.

Geração pós-apartheid busca nova identidade

Agência O Globo

Símbolo da dura repressão no período do apartheid, Pretória, capital administrativa da África do Sul, hoje possui cruzamentos de ruas com nomes como Madiba (como era chamado Nelson Mandela) e Steve Biko, líderes na luta contra o regime de segregação racial.

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À parte seu histórico sombrio, a cidade também é reputada por sua importante população estudantil. O bairro de Hatfield é dominado pelo campus da Universidade de Pretória. Fundada em 1908, a instituição de ensino está adaptada aos novos tempos, sem discriminação racial, pelo menos em seus estatutos.

Jovens estudantes acompanham a atualidade política do país. Com opiniões divergentes, entre otimismo e receio de novas tensões e conflitos, a nova geração pós-apartheid busca sua própria identidade sem perder de vista as tragédias do passado.

O africâner Isak Potgieter, estudante de Matemática, é um exemplo desta nova realidade: namora uma colega negra. "Não tive nenhum incidente, e acredito que esse seja o nosso futuro. Mas ainda é preciso coragem para fazer isso", afirma.