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Líbano

Funeral de ministro se torna protesto anti-Síria

Beirute – O funeral do ministro da Indústria Pierre Gemayel – assassinado a tiros em Beirute na terça-feira – levou centenas de milhares de libaneses às ruas e acabou por se transformar em ato anti-Síria, ontem. Segundo a rede de tevê americana CNN, que cita fontes da segurança libanesa, ao menos 200 mil pessoas foram às ruas antes do sepultamento. Como era esperado, a multidão que participou do funeral transformou o cortejo em uma manifestação contrária à oposição política libanesa, ligada ao grupo islâmico extremista xiita Hezbollah, e à influência da Síria no país.

Os manifestantes queimaram fotos do presidente da Síria, Bashar al Assad, e de líderes libaneses pró-Síria. Parte dos protestos foi dirigida ao presidente do Líbano, Emile Lahoud, que apóia abertamente a Síria, e várias pessoas levavam cartazes pedindo sua saída do governo.

Gemayel, assim como o primeiro-ministro libanês, Fouad Siniora, era contrário à influência síria no Líbano. O presidente não participou do funeral. Ele permaneceu no palácio presidencial, onde a segurança foi reforçada, por temor de que a multidão fosse até lá para exigir sua renúncia.

Hezbollah

Os manifestantes também protestaram contra o Hezbollah, que havia convocado outros protestos em um esforço para derrubar Siniora. O grupo xiita, no entanto, cancelou o ato após a morte de Gemayel, e afirmou que não convocará novas mobilizações até que a situação se acalme. Apesar disso, o Hezbollah acusou a maioria anti-Síria do Parlamento de usar o assassinato de Gemayel para pressionar o governo por seus objetivos políticos.

Pela manhã, o Exército libanês estava mobilizado na capital, em particular no centro da cidade, para se preparar para o funeral do ministro. Uma multidão que empunhava bandeiras do Líbano e de partidos cristãos – entre eles, a do partido Falange, de Gemayel – lotaram a praça dos Mártires, no centro de Beirute, antes do funeral na Catedral de São Jorge dos Maronitas.

Crime

Gemayel sofreu um atentado quando um grupo de homens armados abriu fogo contra o comboio que levava o ministro, no bairro cristão de Sin el Fil. Ele foi levado às pressas para um hospital da região, mas não resistiu aos ferimentos e morreu nesta terça-feira. O ministro é o sexto político anti-Síria assassinado nos últimos dois anos (veja quadro). A morte, que foi condenada pela comunidade internacional, deve acirrar ainda mais a tensão entre a maioria anti-Síria e a oposição que apóia Damasco.

Político em ascensão, Gemayel foi eleito para o Parlamento em 2005 e era o mais jovem legislador da casa. Ele vinha de uma família com tradição política. Seu pai, Amin, foi presidente libanês entre 1982 e 1988.

O governo do Líbano pediu à ONU, na quarta-feira, que fornecesse ajuda técnica para encontrar os assassinos do ministro, pedido que foi recebido favoravelmente pelo secretário-geral Kofi Annan.

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