O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse esta sexta-feira (30) que Shimon Peres foi um “grande homem” para Israel e para o mundo e prometeu que a paz vai acontecer, em um discurso no funeral do prêmio Nobel da Paz em Jerusalém. Peres morreu na última quarta-feira (28), aos 93 anos. Várias autoridades compareceram às homenagens desta sexta. O presidente palestino, Mahmud Abbas, que teve de conseguir uma autorização para entrar no país, também esteve presente e foi personagem de uma das cenas mais importantes do encontro: um aperto de mão com Netanyahu.
O caixão com o corpo de Peres foi enterrado ao meio-dia (hora local) no cemitério do monte Herzl de Jerusalém, a poucos metros da sepultura de outro vencedor do Nobel da Paz, Yitzhak Rabin, primeiro-ministro israelense assassinado por um judeu extremista em 1995. Entre as autoridades que estiveram presentes nas últimas homenagens ao Nobel da Paz de 1994 estavam o presidente dos EUA, Barack Obama , o ex-presidente Bill Clinton - que ajudou a conduzir os diálogos que terminaram nos Acordos de Oslo - , além dos presidentes da França e Alemanha, do príncipe Charles da Inglaterra e do rei da Espanha.
O funeral de Shimon Peres acabou sendo uma homenagem emocionante a um dos fundadores do Estado de Israel e artífice dos Acordos de Oslo que deveriam preparar o caminho para a paz com os palestinos e os árabes.
Em seu elogio fúnebre, Obama exaltou um homem que trabalhou com nove presidentes americanos antes dele e que o recorda outros “gigantes do século XX”, como “Nelson Mandela” ou “mulheres como sua majestade a rainha Elizabeth da Inglaterra”.
Mas, Obama iniciou o discurso, diante de Abbas e de Netanyahu, com a constatação de que a paz com a qual Peres tanto sonhava continua sendo uma “tarefa inacabada”.Peres estava convencido de que a segurança a que aspira Israel passa pela paz com os árabes e os palestinos, e a criação de um Estado palestino, disse Obama.
“Sabemos que Shimon nunca viu concretizado seu sonho de paz”, completou, no momento em que a perspectiva da independência palestina parece mais afastada que nunca.
Antes disso, no entanto, Netanyahu chegou a “prometer” a paz em seu momento de prestar homenagem.
“Era um grande homem para Israel, era um grande homem para o mundo. Israel está de luto, o mundo está de luto”, disse , por sua vez, Netanyahu. “Meu querido Shimon. Hoje choro por você. Eu amei você, todos o amamos. Haverá paz Shimon, meu querido, líder excepcional. Eu falo a você do fundo do meu coração”.
O primeiro-ministro de Israel lembrou uma discussão sobre o futuro de Israel quando Peres presidia o país (2007-2014).
“Ele dizia que a paz era a verdadeira segurança, se há paz vai existir segurança. E eu respondi: ‘Shimon, no Oriente Médio, a segurança é uma condição essencial da paz, e do estabelecimento da paz’ (...) Meus amigos, sabem a que conclusão surpreendente eu cheguei? Nós dois estávamos certos”.
O “sonho” de Peres esteve presente em todos os discursos, que também destacaram seu otimismo, sua fé no futuro, seu carisma e humor. Os filhos destacaram sua sabedoria. Um deles, Yoni, provocou sorrisos ao contar que o pai dizia: “Para meu fúnebre, comece dizendo ‘era muito jovem para morrer’”.
Aperto de mão simbólico
Antes de o funeral começar, Netanyahu, e o presidente palestino, Mahmud Abbas, apertaram as mãos. Sob uma tenda instalada para receber os líderes de todo o mundo, Abbas e Netanyahu conversaram rapidamente.
“É bom te ver. Fazia tempo”, disse Abbas ao chefe de governo israelense, antes de saudar a esposa do premier, Sara Netanyahu. Os dois homens não apertavam as mãos desde a reunião de cúpula sobre o clima de Paris, há quase um ano.
A presença de Abbas em Jerusalém é algo que não acontecia há vários anos. De fato, o presidente palestino precisou de uma autorização especial dos israelenses.
Nenhum presidente árabe compareceu ao funeral, mas o Egito, um dos países árabes que assinou a paz com Israel, enviou o ministro das Relações Exteriores.
Abbas estava acompanhado pelo número dois da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e pelo chefe dos serviços de segurança palestinos.
Abbas chamou Peres de “sócio para a paz dos corajosos”. O movimento islamita Hamas, que governa a Faixa de Gaza, classificou o falecido presidente israelense de “criminoso” e boa parte da população palestina pareceu pensar de maneira parecida.
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