Uma carruagem levou o caixão com o corpo do mafioso até a basílica| Foto: STRINGER/ITALY/REUTERS

A capital italiana reagiu com indignação ao extravagante funeral de um integrante da máfia cujo esquife foi levado por uma carruagem com seis cavalos, enquanto uma banda entoava a canção do clássico filme de Francis Coppola “O Poderoso Chefão”.

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Entre lágrimas, aplausos e cartazes em que se liam frases como “Conquistou Roma e, agora, vai conquistar o paraíso” e “O rei de Roma”, centenas de pessoas se despediram de Vittorio Casamonica, que morreu aos 65 anos, na paróquia San Juan Bosco, no bairro romano Tuscolano, a poucos metros dos estúdios da Cinecittà.

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Depois da missa, o corpo de Casamonica — suposto chefe de um clã da máfia que se estabeleceu na zona sudeste da cidade nos anos 1970, de acordo com a imprensa local —, foi levado por um Rolls-Royce enquanto a banda, agora, tocava a música tema do longa “2001 - Uma Odisseia no Espaço”, enquanto um helicóptero despejava pétalas de rosas.

A polêmica foi instantânea. O partido esquerdista, Ecologia e Liberdade (SEL), classificou o evento como “inaceitável” e anunciou um pedido de explicações ao ministro do Interior, Angelino Alfano.

“Esses funerais podem parecer um fenômeno folclórico mas, na realidade, são uma mensagem clara de impunidade de parte dos clãs mafiosos: existimos e somos fortes. É inaceitável em um país democrático”, disse o deputado Arturo Scotto.

Como ele, vários legisladores expressaram sua indignação com as imagens, que foram reproduzidas nos noticiários de televisão por toda a tarde e à noite.

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O prefeito Ignazio Marino lamentou o episódio e pelo Tweeter disse que era “intolerável que funerais sejam usados pelos vivos para enviar mensagens mafiosas”.

O padre da paróquia onde a cerimônia aconteceu, Giancarlo Manieri, disse que não tem controle sobre o que acontece além da missa, que foi celebrada normalmente.

O clã Casamonica vem sendo investigado por delitos como tráfico de drogas, fraude e corrupção. O então falecido chefe, Vittorio, foi acusado de sequestros nos anos 1980, sem nunca ter sido condenado.

O funeral ocorreu apenas um dia depois de um juiz marcar para 5 de novembro o início do julgamento de cerca de 60 pessoas acusadas em uma investigação da máfia.

Segundo as primeiras pesquisas, os chefes do crime organizado local supostamente firmaram acordos em contratos públicos lucrativos com os políticos da cidade.

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